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sábado, 3 de abril de 2010

MINISTÉRIO DE JESUS: ANÁLISE BÍBLICO-HISTÓRICA

A história do ministério de Jesus inicia-se em Mateus 3: 13 e versículos seguintes, quando ele, a exemplo de outras gentes de toda Israel, apresenta-se a João Batista para ser batizado, um encontro que bem poderia ser tão rápido quanto o ato da imersão ou aspersão, no entanto bem mais duradouro e marcante, pois Jesus permaneceria junto ao Batista ainda, tempo suficiente para vir conhecer todos aqueles que, um dia, fariam parte de seu seleto grupo de colaboradores. 
Se bem conhecemos Jesus pelos evangelhos, quem seriam aqueles pelos quais o Mestre viria tanto se interessar, a ponto de subtraí-los do grupo do Batista? 
Resposta nada fácil, já passados quase dois mil anos e apenas vinte e sete livros, cópias de cópias de originais que ninguém viu e ninguém sabe se existiu.
Apesar de quaisquer objeções temos de fato a história de um deus que se fez homem e habitou entre nós, para realização de uma obra tal, nada mais nada menos que a instauração do reino dos céus na face da terra, evidentemente a partir de Israel. E esse 'deus conosco' [Emanuel] achou por bem, porque assim previa as Escrituras, principiar seu ministério redentorista exato quando ainda discípulo do batizador, o que lhe confere elevado grau de distinção e honra entre os homens. 
Mas não nos interessam, no momento, as predisposições escriturísticas judaicas para advento de tremenda magnitude, pois que nossa história inicia-se a partir do instante que toda nação Israel voltava-se atraída, pelos discursos de João Batista, e não apenas o homem deus e seus discípulos.
O que pregava o Batista para despertar tantas atenções e trazer uma multidão, através do deserto, às margens do Jordão? 
Era a [mesma] mensagem anunciada há séculos, o Messias Libertador prestes a chegar, boa nova essa de tremenda importância para aquele povo, desde sempre oprimido por mãos estrangeiras, que nem lhe importavam mais os tantos fracassos recentes para a época, entre os anos 6 e 28, das dezenas de redentores com aquela promessa que equivaleria ao povo judeu, a restauração de tudo que se havia perdido: a pátria, a dignidade, a moral, a religião dos ancestrais e até o próprio Deus [Yavé], que há quatro séculos os havia abandonado, ainda a se recusar terminantemente produzir os grandes milagres salvacionistas de outrora. 
Apesar dos textos deformados pelos tempos e interesses de credos dominantes, para a divinização do Cristo em detrimento a João, ainda assim encontramos a presença forte do batizador sobre o ministério de Jesus, como a desafiar os séculos numa intrigante e constrangedora situação aos cristãos: o que faziam realmente Jesus e os apóstolos juntos do Batista? 
Não vamos nos arrastar à ingenuidade que a concepção redentorista, prometida para o povo eleito de Yavé, aconteceria no plano espiritual, com João Batista o predecessor do Cristo para instauração de um reino a nível celestial pós-morte. 
Ora, o assunto estava para o povo judeu onde sempre deveria estar, ou seja, no plano das materialidades, pois há que se considerar o desejo de Israel estabelecer-se como nação livre, sem opressões e dominações estrangeiras, com liberdade para a efetiva implantação, em glória e paz dum governo teocrático, conforme cultura e tradição, aqui mesmo na terra, cujo rei fosse representante direto de Deus, senão o próprio Yavé encarnado. 
Desde a identidade nacional o povo judeu quase não conheceu soberania territorial, governo livre e povo capaz de decidir os próprios rumos a seguir, portanto para essa libertação nacional pretendida, o povo esperava pela vinda do Messias Libertador que, uma vez vitorioso, restabeleceria o reino em Israel. 
Lucas 3: 15 mostra que o povo judeu buscava em João Batista, exatamente a figura do Messias [Cristo] prometido. Também o discurso de João Batista correspondia a essa ansiedade do povo, cuja mensagem político-nacionalista, não há estudioso que possa nega-la, estava a ensejar não só a libertação de Israel de mãos estrangeiras, mas também fornecer nova ideia revolucionária calcada no profetismo: "Eis que se aproxima o reino dos céus...preparem o caminho e aplainem as veredas" (Mateus 3:2-3 e referências).
Que outros significados teriam tais palavras para os judeus senão a exortação 'mudai os pensamentos, sentimentos e procedimentos, que em breve Deus estará a reinar diretamente sobre Israel, pela teocracia, através do Messias prometido?' 
A pregação do Batista tinha, portanto, fortes conotações políticas, pró-libertação de Israel, praticamente bem-vindas a todos partidos políticos da época, os tolerados e os clandestinos, alguns disfarçados às vezes num manto aparentemente religioso. 
O discurso de João não era messiânico, a critério de ser ele o Messias - sempre negou sê-lo assim como jamais admitiu ser um profeta - o que não o exclui das pretensões, em tempo oportuno como qualquer político, mesmo de nossa época, pela aclamação ou exigência popular. 
João Batista colocava-se estrategicamente predecessor do Messias, para a preparação, isto é, a conscientização do povo quanto a exigência dum levante em Israel, pró-libertação, tão logo o surgimento do esperado líder, que certamente seria ele mesmo. Jesus valer-se-ia também dessa estratégia, num futuro mais ou menos próximo. 
Admitir alguém ser o Messias era o mesmo que colocar-se rei pretendido, o que significaria primeiro obter antes o respaldo popular, através dos discursos, obras, evocações ao profetismo ou a simpatia dos sacerdotes (estes últimos desgastados junto ao povo), o que justifica da parte do Batista, o excesso de precaução em não se declara o Messias ou Profeta como tática para não despertar, prematuramente, a ira dos situacionistas. 
Por alguma razão ou outra, todas ou nenhuma delas, muitos chegavam ao Batista e por ele eram doutrinados, na expectativa de ser um deles possivelmente revelado, ou desperto, para a situação de Messias, atributo que o batizador procurava identificar em cada indivíduo que dele se aproximava; isto também uma tática de extraordinário efeito, pois assim João mantinha unido, em torno de si, os mais diversos líderes políticos e religiosos distintos.
Por ora admitamos que Jesus foi ter com o Batista, apenas para que se cumprissem as Escrituras, acerca daquilo que foi dito da parte do Senhor, conforme o evangelho segundo Mateus induz-nos acreditar, mas com relação a Pedro, André, Judas Iscariotes e todos aqueles que um dia fariam parte do grupo de Jesus, inclusive Matias que num futuro ainda mais longo viria substituir Iscariotes (Atos 1:21 a 23), não podemos afirma-los que foram em busca do batizador, somente com intenções espirituais. 
Exatamente das reais intenções que levaram aqueles homens ao Batista, depois a Jesus, que vamos identificá-los materialistas, já nas condições postas de apóstolos do Nazareno, conforme exposições abaixo.
Quem foi Jesus o chamado Cristo?
Marcos, o primeiro dos evangelhos, engrandece a presença de Jesus perante o Batista, numa afirmação que o batizador aguardava sem dúvidas o início do ministério de Jesus: "Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, ao qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas alparcas" (Marcos 1: 7). 
No evangelho João (1: 29-30 e seguintes), diz que João Batista reconhece o Cristo em Jesus, e o aponta a dois dos seus discípulos, André e João, como o esperado para a libertação de Israel; os condiscípulos tornam-se apóstolos de Jesus (João 1: 35-41). 
Mateus 11 e referências atestam que o batizador não estava nada convicto disso: "És tu aquele que haveria de vir, ou esperamos outro?".
Os demais evangelistas igualmente diminuem a importância de João Batista diante de Jesus. João, todavia, não abandona seu ministério, João 3: 23, como seria de se esperar; ao reconhecer a superioridade do ministério de Jesus, de imediato deveria cessar o seu, o que evidentemente não veio a fazer. 
Apesar de todas tentativas dos copistas e tradutores evangelistas em contrário, Jesus foi seguidor do Batista por bom período de tempo, João 3: 26, a ponto de receber influências daquele em seus primeiros discursos. 
O discurso de João (Mateus 3: 2): "E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus", é igual ao de Jesus no início de seu ministério: "Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus" conforme Mateus 4:'17. 
Jesus herdou de João Batista também a prática do batismo (João 3:'22 e 26). O mesmo evangelho de João (4:2), no entanto diz que Jesus não batizava e sim seus discípulos, o que parece não ter importância alguma, mesmo que uma situação venha contraditar outra; o texto referido evidencia que Jesus e Batista concorreram entre si (versos 22 e 23 de João 3).
Entre os discípulos de Jesus e João as disputas parecem constantes, sobre quem fazia mais seguidores, celeuma que viria prolongar-se por todo primeiro século. 
Há indícios bíblicos que Jesus separou-se de João por questões doutrinárias, acerca da purificação (João 3: 25) e do jejum (Mateus 9: 14). Também a omissão do Batista em identificar-se como Messias, ou mesmo um dos profetas, trouxe-lhe queda de popularidade agravada sobremaneira com a prisão, o que facultou a ascensão de Jesus, sem dúvidas carismático e bom pregador, dono de um magnetismo bastante influidor junto às massas. 
As curas de Jesus são sobre necessitados psicossomáticos e de outras doenças psico-lógicos – histeria, esquizofrenia, etc. Parece ser isto o mínimo que se esperava de um pega-dor (Mateus 15:27), embora o Batista jamais tenha curado alguém, segundo narrações. 
Se João Batista não renunciou seu ministério em favor de Jesus, isto implica em não reconhece-lo Messias; mesmo preso e apesar da fama crescente de Jesus, João Batista não o aceita como Messias, nem libera seus discípulos para segui-lo. 
O Batista encontrou a morte sem jamais haver reconhecido messianismo algum em Jesus, mas certamente a entender que seu antigo discípulo, fora bem mais longe que imaginara, com aquela de exercer ministério ambulante, indo às pessoas onde estas se encontras-sem, enquanto o dele, João, era fixo, o povo interessado tinha que deslocar-se até ele, algo muito mais complicador. 
As andanças do grupo de Jesus tiveram início a partir da prisão de João Batista, o que implica dizer que o medo [da prisão e morte] foi a razão maior para aquela opção que resultou num tremendo êxito.
Outra razão do sucesso de Jesus sem dúvidas foram os milagres, que João jamais soubera ou não quis fazer.
Jesus tentou ganhar adeptos do Batista com a morte deste, além dos que conquistara quando o batizador em vida, louvando suas qualidades de profeta, e que dos nascidos de mulher não havia nenhum maior que ele, João Batista (Mateus 11: 11). Tão próximos eram os ministérios de Jesus e João, que para muitos, inclusive Herodes, Jesus era o João Batista ressuscitado (Marcos 3: 14-16 e referências). 
Também Jesus ofereceu aos seus seguidores iniciais, compensações terrenas (Marcos 10: 29-30). O sentido espiritual atribuído à sua obra somente viria ocorrer nos séculos III e IV, com Orígenes, Jerônimo e outros grandes nomes da Igreja, quando lhe foi dado o papel de Messias sofredor e seus milagres enquadrados em Isaias 35 e citações, por referências, nos evangelhos. 
Os apóstolos e discípulos também esperavam compensações terrenas mais a libertação pátria. A passagem bíblica dos dois discípulos no caminho de Emaús, reflete o pensamento dos messianistas [seguidores de Jesus]: "E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel" (Lucas 24: 21). 
Atos 1: 6 não deixa dúvida daquilo que pretendiam os discípulos: "És tu que restaurarás o trono em Israel?", da mesma maneira que Jesus deixa bastante claro (Marcos 10: 29-30) que estaria ainda a oferecer-lhes compensações materiais.
O messianismo encarnado por Jesus, se caracterizava de libertação terrena, com a restauração do trono de Israel. É impossível acreditar que qualquer judeano ou estrangeiro que fosse, em Israel na época de Jesus, concebesse a libertação de Israel, expulsão dos inimigos e instalação do reino de Yavé, como algo espiritual, inteiramente ou apenas em parte; também era impossível a admissão de um Messias Libertador, que viesse agir apenas com intervenção de Deus. Os tempos dos milagres espalhafatosos já haviam passado.
Jesus não ignorava nada disso, assim como seus seguidores, todos envolvidos numa campanha político-religiosa, que não poderia ser diferente, em se tratando de Israel. 
Nos seus últimos dias, ainda no auge do sucesso quando a campanha mostrava-se possivelmente vitoriosa, com adesão totalitária das massas populares, Jesus começou ter conflitos com seus seguidores mais íntimos. 
A razão da discórdia era simples: Jesus havia se sustentado durante quase um ano de ministério ambulante (Mateus, Marcos e Lucas, enquanto por João, três anos), à custa dos pobres e colaborações secretas de pessoas de posses, pelas suas mulheres e alforriados (Lucas 8:1-3), pois que era rejeitado em público pelos ricos; todavia quando a campanha estava prestes sair-se vitoriosa, Jesus foi procurado e voltou-se justamente para aqueles ricos, aceitando-os agora em sua companhia, numa descarada negociação político-financeira [ou aceitação de colaboradores adesistas de ultima hora].
Historicamente é impossível comprovar a existência de algum homem deus, deus humanizado ou situações do gênero, na face da terra. Jesus Cristo a exemplo de outros tantos divinizados, também não tem historicidade comprovada, sem dúvidas tratando-se de personagem mítica. 
O estudo em pauta fundamenta-se tão somente nas escrituras cristãs, em torno de uma figura materializada que os credos insistem torna-la espiritual. Apenas pelas Escrituras fundamentamos historicidade de Cristo e seus seguidores mais próximos. 
Nenhum dos apóstolos de Jesus teve melhores condutas que Judas; todos que se aproximaram do mestre, aqueles de primeira linha e chamados, o fizeram tão somente por interesses materiais e de poder político.

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