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sábado, 3 de abril de 2010

YAVÉ, UM DEUS À IMAGEM E SEMELHANÇA DO HOMEM

-O gênero humano
Não se trata de revelar novas verdades, e, ainda menos, demonstrar onde, positivamente, ela não se encontra, mas sim, efetivamente, onde acha-la.
O homem, conforme entendimento, desde seus primórdios na terra, por necessidade ou qualquer outra razão, explicável ou não, sempre sentiu o desejo da imortalidade, a crença na sobrevida após a morte física. 
Não sabia explicá-la nem situá-la, mas acreditava nela como necessidade crescente, um apanágio talvez por recompensa à sua árdua luta na terra, ou a não compreensão ou aceitação quanto à realidade da morte.
Esta busca levou o homem a criar divindades e a buscá-las com fervor, um deus que lhe desse as expectativas para se chegar a igualdade de condições, um lugar de paz, concórdia e prosperidade, uma morada onde o infortúnio não lhe batesse às portas, onde não houvesse nem choro e nem ranger de dentes (do Cristo, pelos Evangelhos). 
Deus único, supremo e abstrato, mas não inatingível e que se preocupasse com o homem aqui na terra, que o compreendesse nas suas dificuldades, que o consolasse nas suas tristezas, que lhe desse esperanças de um futuro melhor; enfim um deus que mantivesse contatos com o humano, que aceitasse ofertas e sacrifícios e, mais que isso, expressasse seus sentimentos e se revestisse do antropomorfismo.
Em qualquer religião que se procure, ou nas tradições, mitos, sagas e lendas, mesmo que entre gentes geograficamente separadas e desenvolvimentos independentes, lá se encontrará o homem a querer um deus e a imortalidade. 
Realmente impressionam que povos distantes, com todas as dificuldades de comunicações da época, tenham mantido origem comum nas crenças, fazendo tão próximas suas lendas e sagas mitológicas. Para isto, concluí-se a existência de um elemento civilizador mundial, com a Suméria por berço civilizacional e aquela que antecedeu todas as demais nas descrições dos mitos e os fez espalhados por todo o Oriente Médio e, depois, através dos fenícios e outros povos influenciados encarregados da propagação de sua visão metafísica, das tradições das origens e dos mitos, emergidos da civilização sumeriana para todos os confins da terra.
Dentro destas colocações e às igualdades mais ou menos comuns entre todos os povos, no tocante à metafísica, que tanto faz tomar a historicidade de um povo ou outro, independente do grau de evolução, que os caminhos mitológicos são sempre os mesmos, com conclusões fazendo-se praticamente idênticas.
Discute-se de que não há, historicamente, necessidade de um tronco comum para povos fazerem-se iguais, mas as possibilidades de tais ocorrências seriam mínimas, sem algum elemento civilizador mundial. 
Diante disto, para aquilo que se propõe o título deste capítulo, busca-se a Gênesis bíblica como fonte de informações, pesquisas e tratados, primeiro por se constituir um dos livros mais lidos e estudados no mundo; segundo, por ser uma coletânea de lendas que representam o universo mitológico e metafísico de praticamente todos os povos. 
Para estes estudos, válidas as versões bíblicas em português, para o Brasil, como a de João Ferreira de Almeida, edição revista e corrigida; Vulgata Latina [do Padre Matos]; Novo Mundo das Escrituras – da International Bible Students Association / USA; e a versão do Pontifício Instituto Bíblico de Roma [PIBR].
Apenas entre os séculos VII e X - E.C. foi elaborado o Cânon do Antigo Testamento Bíblico, consonantal, conhecido como Massorético – Massorá, com o significado de 'tradição'. Para tal objeto estudados os Códices oriundos de fragmentos hebraicos do século I - EC, e da Versão Grega Septuaginta, por volta do ano 150, vista, exceto alguns religiosos, ninguém mais entendia a língua hebraica, em desuso desde o século IV AEC. 
Dos 'livros bíblicos' mais antigos estão aqueles inseridos nas versões, Pechita (Siríaca) do século II; o Targum Aramaico, século IV; e a Vulgata (Latina), terminada no ano 400. Atestado apenas por fragmentos diz-se da versão Samaritana, provavelmente escrita no século II A.E.C, ou no segundo século da era atual, a qual, para alguns estudiosos, cópia da antecedente. 
Certos exegetas determinam que a versão Grega [Septuaginta] tenha sido redigida entre os séculos III e II A.E.C, mas a maioria dos teólogos, divergentes ou não quanto ao período, concorda ser ela a mais importante e fidedigna de todas as versões, porém, verdade estabelecida, nenhum dos originais bíblicos, chegaram até os dias atuais e, mesmos os 'Manuscritos do Mar Morto, são cópias ou versões, com raros fragmentos possivelmente de originais.
As versões bíblicas apresentam divergências entre si, e os poucos originais u de onde as cópias, são postos em dúvidas quanto à autenticidade dos tempos.
Para este trabalho, todo fundamentado no livro bíblico Gênesis, foram desconsideradas as pequenas variantes ou divergências que não influam na essência. Discordâncias maiores serão determinadas e esclarecidas. 
Nestas considerações, surge Elohim – deuses, o conjunto de espíritos, pela filologia hebraica, como a síntese totêmica, ou seja, conjuntos ou espécies de seres divinizados, características culturais comuns entre os povos do Oriente Médio. Deus, o Senhor Deus descrito na tradução bíblica portuguesa, como tradução de Yavé, tem o significado de 'Aquele que é', sendo Yavé um Sló, espírito análogo ao homem, evolutivo no decorrer de gerações.
Estas divindades, não absolutas nem exclusividades de povos ou religiões, sendo figuras centrais da Gênesis bíblica, cultuadas por alguns dos escritores daquele primeiro livro, com fortes influências de povos mais antigos, com os quais os judeus mantiveram contatos.
A diversidade de autores na Gênesis é facilmente observável pela duplicidade de alguns textos, outros triplicados - um deles cinco vezes, e até os contraditórios. Os deuses Elohim e o deus Yavé são distintos, unificando-se por vezes para, em outras, oporem-se.
Numa visão geral, Elohim são deuses móveis, enquanto Yavé mostra-se uma divindade fixa sobre outros deuses, a monolatria, que aos poucos se transforma em figura monoteísta para Israel, deus único nacional evoluído do tribal hebreu, para posteriormente firmar-se como o deus de todas as nações.
Em Gênesis l: l-4, Elohim move-se sobre as águas, quando o caos, a solidão e as trevas eram reinantes no planeta; em Gênesis 2: 4-6, Yavé tem o elemento árido em sua criação. Ambos geram a terra, Elohim em seis períodos, tipificado em dias, sempre tarde e manhã, evolutivos, sem notórias contradições com as ciências, senão pelo fator criacionista
Elohim fez o homem e a mulher num só tempo, sem referência alguma ao Jardim do Éden, proibições ou atos punitivos. Já Yavé, invertendo a ordem natural das coisas, cria o homem antes de tudo, e o chama Adão, para então formar um jardim denominado de Éden, impor proibições, fazer animais e aves para, em seguida, do homem formar a mulher sem lhe dar nome imediato.
A criação Elohista está para o homem como que a justificar ou explicar seu universo, configurado em lendas e mitos conforme as crenças difundidas, desde os princípios da civilização. Tão ao contrário, Yavé tem o homem como sua primícia que, decaído, necessita de uma pronta ação, com os contrastes da condenação hereditária e a promessa salvacionista, a ordenar, assim, a instituição ou exigência religiosa para um povo elegido, conforme dito, prováveis ascendentes ou descendentes do transcritor. 
O 'Sló Yavé', desde o início, coloca a necessidade e exclusividade de culto, não importando em igualar-se ao homem, como entidade antropomorfa, ao mesmo tempo em que eleva o homem à condição de deus: "vós sois deuses".
O livro Gênesis é, antes de tudo, coletânea de lendas, onde se procura à exaustão adaptá-las à formação de um povo necessitado de um deus exclusivo. O excesso de zelo, em demonstrar a superioridade de um deus próprio, é tão notória que os copistas perderam-se nas exposições, contradizendo-se, tanto, que em Yavé se vê o criador e a criatura num primeiro ensaio, com os judeus procurando tornar mais humanas as divindades abstratas, o típico, não podendo chegar a deus, trazem-no até si, sem hesitações de diminuir o homem, para que se tenha lugar a presença ou a ação divina.
Assim foi na queda do homem e a consequente expulsão do Éden paradisíaco, cujas narrativas, além da hebraica, são citadas em todas as lendas e tradições da antiguidade, com uma proximidade tal, que torna-se possível justapô-las e até fundi-las, sem prejuízos de entendimentos. O relato bíblico seria apenas versão recente e adaptada, além de melhor difundida.
Após a queda, na citação Yaveísta, Adão denominou a mulher pelo nome Eva. Nisto é necessário destacar que Elohim criou o homem e a mulher, conjuntamente, sem denominá-los individualmente (Gênesis l: 27), senão por homem (Adão) – gênero humano (Gênesis 5: 2); enquanto Yavé cria o homem sem um nome próprio (Gênesis 2: 7) e sem a mulher que somente viria ser criada no versículo 22 do capítulo 2 do mesmo livro, que traz no verso 25, pela primeira vez, o nome de Adão – para o designativo homem, quando Adão tornou-se nome próprio. No verso 23 do mesmo capítulo 2, Adão denominou sua companheira de mulher – Is'sa – enquanto seu próprio nome seria – is' , como significados de distinção sexual, macho e fêmea. 
A palavra 'adão', em hebraico, designa a natureza, origem, no caso a terra (barro) vermelha (o). No Gênesis 5: 2, Elohim cria-os, macho e fêmea (is' e is'a) denominando-os de homem – gênero humano [Adão – Adima].
Nestas exposições são identificados mais de dois autores bíblicos distintos, alguns apontam para quatro, com os textos sacerdotais e aqueles entremeados pelos copistas não identificados.

-Significados de Adão e Eva dentro do contexto 
Adam (Adima) – terra vermelha ou barro – como designativo de origem, unindo a is’ (Adamís) para determina o homem da terra vermelha ou que veio (local de origem) de um lugar onde a terra é vermelha. 
À primeira vista, considerando que os gregos denominavam os fenícios de vermelho – 'phoinos', de pronto se poderia concluir que Adão [tribo] fosse originário daquele povo ou o próprio. Para alguns estudiosos, Adão já entra num contexto histórico formado o que antecederia aos fenícios, para ser colocado numa terra preparada para ele, isto é, em verdade, terra que tomou, conquistou, pela força - leia-se 'pela vontade dos deuses', determinada região, numa linguagem bíblica igual quando os hebreus na conquista das terras palestinas [Gênesis 12 e Êxodo 3].
No Adão bíblico identifica-se Adapa – o herói acadiano adaptado de lenda sumer, personagens demais semelhantes. Adão ou Adapa seria, desta forma, a representação do povo sumeriano que chegou à região da Mesopotâmia, com uma língua incomum aos demais povos da região, mas muito próxima ao drávido, na Índia, então seu local étnico onde conhecido por Adima. 
-Adapa seria colocado, também, em lenda babilônica análoga à descrita em Gênesis. 
As lendas se misturam: lá na Índia o povo Adima uniu-se ao Heva [Hevakin] antes de chegar à Mesopotâmia, onde o Adima se torna Adapa, ou seja, o povo que chegou para conquistar o crescente fértil, dominando grupos nômades da tribo egípcia Xex [Exa – depois Eva] que por lá perambulavam, assim a originar uma segunda versão para o mito bíblico Adão e Eva.
Com referência ao Éden (campo fértil ou planície, na língua sumer), alguns estudiosos tentam localizá-lo geograficamente na Armênia ou em atual Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates, existindo, contudo, opiniões divergentes, em razão das citações dos rios Gion da terra de Cush e Fison em Hevilá, para os quais a Bíblia menciona duas localidades distintas, sendo uma africana e outra asiática, conforme Gênesis 10:7-8 e 29. A isto, leva-se a crer que a região conquistada fora batizada pelo nome Éden, com certeza em memória a um outro lugar, de onde vieram os de Adão e Heva, que os sumerianos fizeram incorporar às lendas locais.
Desconsiderados os estudos que trazem o Éden apenas como algo espiritual (Paraíso Celeste), cabem referências ao local como possessão fenícia, por citação bíblica em Ezequiel 28, porem sem precisá-lo quanto à exata localização. 
Considere-se, naquele capítulo de Ezequiel 28, versos 13 e 14, identifica-se o fenício como o criado e colocado no Jardim do Éden, e que de lá foi expulso – perda do paraíso, o que vem corroborar lendas fenícias, que tem em seu herói mitológico, Cadmo (Hadamo), tribo que habitou uma possessão semita que lhe foi prometida [dada] – do hebraico Sheva [juramento, jurada], com isso uma outra versão do casal Adão e Eva, provavelmente antes de incorporar outras diversas culturas e tradições, inclusive na hebreia de acordo com o livro de Gênesis.
-Particular interpretação bíblica do citado livro [SatoPrado], conforme entendimento dos versos 11 ao 19, justaposta às lendas fenícias, se pode salientar que estudiosos bíblicos não têm, ainda hoje, entendimento textual do capítulo 28 de Ezequiel, exceto sua divisão em três profecias para Tiro e uma para Sidon, por diferentes autores. 
Das tantas lendas a respeito de Adão e Eva tomamos Adapa – o Adão sumero-acadio-babilônico, porque o mais próximo com outras lendas inseridas na Gênesis bíblica, já a partir da dominação dos grupos nômades da tribo egípcia Xex, na região da Mesopotâmia. Historicamente Xex seria esposa do primeiro faraó egípcio Menés, isto é, que o faraó tomou – desposou uma mulher da tribo Xex.
A juízo dos autores [SatoPrado], as palavras bíblicas em Gênesis 2: 21-22 quanto a Eva tirada da costela de Adão durante sono profundo, outro significado não têm senão de um povo coadjutor a outro com ganho ou conquista de relativa autonomia, enquanto que o sono profundo refere-se a certo desleixo ou excesso de confiança do povo dominador em relação ao dominado.
De fato observável que os domínios, cultural, político, social e religioso dos dominadores [Adão] em relação a Xex [Eva], não foram suficientemente fortes para evitar aproximação inimiga através de alguma tribo Xex guardiã de fronteiras, com isso a facilitação invasora, situação vista no quadro em que a serpente tenta a mulher, onde os tradutores ou os copistas com certeza enganaram-se quanto a palavra 'nâhâsch em vez de nâhàsch', a primeira com significado de 'o que cultua ou quem faz encantamentos usando cultos ofiolátricos', enquanto a outra palavra traduz-se por 'serpente', conforme está na Bíblia.

-Dos cultuadores ofiolátricos e seus relacionamentos com os bíblicos Adão e Eva no Eden
Diversos povos da antiguidade eram dados aos cultos zoolátricos, em especial às serpentes – ofiolatria, a exemplos dos povos egípcios, acadianos e amoritas.
O culto à 'Grande Deusa Serpente', com seus atributos de proteção, de cura e de morte foi introduzido na Mesopotâmia pelos acadianos – grupos nômades do sul da Síria que tiveram entrada facilitada ao norte do território sumeriano para, aos poucos, dominar as cidades-estado até assumir controle total da região em substituição aos sumérios. 
Os acadianos vencedores assimilaram a cultura dos vencidos e, quanto à forma religiosa principal, associaram a sua 'Deusa Serpente' à divindade lunar [Shinar – Sinnu] sumeriana para, assim, associar a serpente ao caráter lunar – símbolo da regeneração. Shinar tornou-se deidade feminina.
Os acadianos foram os tentadores no Eden, provocando as quedas e expulsões dos dominadores daquele território, cujas fronteiras passaram a ser guardadas pelos querubins (hebraico: Keroub ou Cheroub, com significado de boi), ou seja, soldados que usavam capacetes com cornos.
Mais tarde os amoritas – chamados de velhos babilônios, venceram os acadianos para a instauração de novo governo mesopotâmico, que ganhou notoriedade com Gilgamesh, o herói épico babilônio. 
Dentre as lendas babilônicas destaca-se a divindade assíria Lilu [o lado escuro da lua] – com sua serpente instalada na árvore tabu do Paraíso, a significar invasão dos assírios aos babilônios, o que levou a deusa Shinar pedir a Gilgamesh a expulsão de Lilu, aparentemente com êxito pelo recuo dos invasores. Os assírios retornaram e destronaram os babilônios e Lilu se torna Lilith. 
Os sumerianos subjugados e escravizados pelos acadianos foram habitar o território de Canit [adquirido], região sob a vigilância caimita que Gênesis 4: 17 informa povo sedentário, pois Caim era: 'vâiêhi boné', ou seja, construtor de cidades. 
Numa determinada época surgiu o invasor ária – tribos de Abel [Bel – Bal, nomes líbios correspondentes a Abel] detido pelos acadianos das tribos de Caim, originando a lenda que Caim matou Abel. 
O sentimento favorável de Deus a Abel, pelos relatos bíblicos, mostra as dificuldades dos remanescentes sumerianos em regime de escravidão, que viam os de Abel como seus libertadores.
Mais ou menos no mesmo período os Acadianos conquistaram tribos pré-semitas que foram postas subjugadas em terras caimitas. Aos novos aprisionados se denominou 'Set – o que [aquele que] foi dado'.
Historicamente os principais dos acadianos se relacionaram com 'setistas', tanto que nos últimos tempos de Acádia os governantes era chamados 'Acadianos Semitas'.
A despeito da variante colocada tardiamente na Gênesis, de que Caim fugiu da presença de Deus após o fratricídio, a ocorrência parece ter sido outra, pois que as genealogias bíblicas de Caim e Set têm nomes comuns entre si, o que evidencia miscigenações tribais. A saída [fuga] de Caim teria ocorrido com a invasão do povo 'Guti' que venceram os acadianos para formar um novo governo. A dinastia 'setista' perdurou até os dias de Noé e, através de Sem deu origem ao povo semita, do qual as tribos de Abraão e Ló. Evidentemente os primeiros escritores bíblicos, semitas por Set, denominaram seus antepassados como 'filhos dos deuses que se enamoraram das filhas dos homens [de Caim] e com elas geraram filhos, que foram os gigantes e os heróis da antiguidade'.
No capítulo 6 de Gênesis, os 'setistas' sobrevivem às guerras diluvianas [significado abundantíssimas] na Mesopotâmia, pondo-se a salvo nas montanhas armênias através de Noé [um designativo tribal].
Os épicos não são originariamente hebreus, apenas adaptações das extraordinárias lendas sumero-acadiana-babilônicas e depois as assírias – cognominados elementos mesopotâmicos, sempre com alguma figura mítica a salvo, independentemente da origem, com seus pertences, diante de catástrofes de guerras ou de fenômenos naturais, tanto uma como a outra identificada por inundações (vagas – como chegadas de conquistadores em larga escala), enquanto os sobreviventes, fugitivos, saem com suas arcas, isto é, com os seus, pondo-se a salvos.
Nos relatos sobre o dilúvio e seus efeitos, capítulos de 6 a 9 de Gênesis, percebem-se entrelaçamentos de lendas distintas, com repetições e contradições, avançando-se até o capítulo 11: 9 com literaturas compostas de elementos mesopotâmicos, com alternâncias entre as divindades Elohim e Yavé, sendo que este se faz prevalecer junto ao povo denominado 'Tera', com domínio sobre Arã – arameus; sobre Nabor – os naobitas que nos versos 22 do mesmo capítulo, era de Serug, que no verso 23 dominou Tera e por este foi dominado no versículo 26; e a Abrão do qual os hebreus se formaram.
  • Quanto ao dilúvio bíblico segundo Gênesis, não se tem comprovação científica para a época – 3852 AEC, embora a Ciência admita ocorrência similar regional por volta de 7500 AEC.
A terra, em seu todo, segundo estudiosos, sofreu diversos dilúvios, de grandes montas, porém regionalizados, especialmente no período de 15 a 9 mil anos passados, que alguns biblistas e 'atlantólogos' trazem por volta de 3.500 AEC, destacando que o homem antigo testemunhou alguns destes acontecimentos, dos quais os registros que a humanidade guardou em suas lembranças, originando-se, então, as lendas dos sobreviventes. 
Noé [alívio – consolo] é uma figura [personagem] com paralelismos em diferentes culturas em muitas regiões da terra. Onde existiram comunidades, aconteceram as lendas, determinando o pressuposto de que algum povo anterior, em algum lugar, tenha realmente participado de possível acontecimento diluviano.
Porem, muito maior que a participação ou não de Noé num dilúvio, é a descrição bíblica de seus descendentes identificada com os povos da antiguidade, praticamente todos descritos no capítulo 10 da Gênesis, com destaques para o versículo 21, onde aparece a tribo de Heber, filho de Salá e neto de Arfaxad, que é filho de Sem, o primogênito de Noé.
Foi desta tribo de Heber que surgiu Abrão, depois Abraão, o patriarca do povo israe-lita (judeu). Do antigo hebraico, aramaico e hebraico helenizado, têm-se os designativos Ibris, Habiru e Haber, respectivamente, com a corruptela Habaran, com significados de um povo além do rio.
Como denominativos raciais, Heber e Heberons, a tender para as corruptelas hebraicas de Hebreus e Abrãaos, sobresaíndo os descendentes do bíblico Heber.
Seja qual for a origem correta de Hebreu, o mesmo é nominativo de um povo (tribo), cujas origens bíblicas apontam para as planícies da Mesopotâmia, conhecidos como 'Semitas de Acádia', pelos 'setistas' e miscigenados, povo sedentário na região. 
Por volta do ano 2.000 AEC [datação incerta entre 2.200 e 1.728], a tribo semítica dos Ibrim, onde Abrão um nome ou apelido coletivo, deixa a Mesopotâmia durante crise de domínios dos caldeus, sumérios e babilônios, numa migração até às margens do Mar Vermelho e às divisas com o Egito, região denominada Palestina.
Antes da fixação na Palestina, os hebreus, como nômades pelas regiões, tiveram contatos com outros povos, com influências mútuas, cabendo atenções a certa tribo egípcia, Agar (Agarab ou Arab); desta mestiçagem surgiram os árabes atuais – Ismaelitas – de acordo com Gênesis 25: 11 e referências, inclusive as duplicadas, que ganhou independência dos hebreus, quando da ascensão de Isac – filho de Abrão com Sara, um chefe tribal.
Fixos na Palestina, os hebreus tiveram uma cisão, separando-se em duas tribos: os Edomitas  (Idumeus) descendentes bíblicos de Esaú – Gênesis 36 – que se estabeleceram nas montanhas de Seir (região sul de Moabe e Mar Morto e, ainda Golfo de Ácaba); e a tribo de Israel, fixada nos limites ao Norte com a Síria e Fenícia, com partes da Síria e deserto Arábico ao leste, ao sul com a Arábia, e ao oeste com o Mar Mediterrâneo, não sem antes, porem, um retorno à Mesopotâmia – Gênesis 27: 46 ao capítulo 32. As fronteiras identificadas, sofriam modificações variáveis, resultantes de conquistas ou perdas territoriais. 
Sob o governo de Jacó (depois Israel), uma de suas tribos, José, foi aprisionada / conquistada pelos Árabes (Ismaelitas) e levada cativa ao Egito; pelo texto bíblico, José foi vendido por seus irmãos a uns mercadores Ismaelitas, que o entregou como escravo aos egípcios. A descrição pressupõe uma guerra entre tribos irmãs.
Com o domínio do povo Hicso – de provável origem semita, José (tribo escravizada) passou a gozar de certas regalias, possivelmente por laços parentescos. Como nação próspera, o Egito sob governo dos hicsos, acolheu os hebreus (do patriarca Jacó), massacrados pelas guerras regionais e fome generalizada na Palestina, passando a viver no Egito com relativa liberdade por quase quinhentos anos.
Expulsos os hicsos, os egípcios voltaram-se contra os hebreus [israelitas] que deixaram o país, retornando à Palestina, numa saga bíblica de quarenta anos, eivada de fatos, até a tomada e fixação no território.
Em toda historicidade e lendas sobre o povo hebreu, a religiosidade unicista destaca-se, onde Yavé (YHWH), o tonante 'Sló' guerreiro, ao suplanta definitivamente Elohim, tende para um sistema político Teocrático. Yavé fez-se progressivamente humanizado, com características e atributos aquisicionados e trabalhados para os desejos de uma justiça universal, ou seja, uma idéia expansionista do povo hebreu.
Nestes aspectos, a evolução de Yavé dissocia-se das considerações estritamente nacionais para, em aproximadamente 700 AEC, sustentar a justiça divina como superior às práticas de cultos; e no século VI AEC, Yavé conclama-se, pelos profetas e vasos (pessoas levantadas ou escolhidas por Deus para alguma obra), sua universalidade, o deus da humanidade e não apenas dos hebreus, ideias das quais o Cristianismo viria, no futuro, tirar proveitos.
Ainda que distante do judaísmo pós-mosaico, a religiosidade hebreia já se distanciava de politeísmo da época de Abrão e, após estadia no Egito, onde deixaram de ser imigrantes para tornarem-se minoria perseguida e escravizada, sua trajetória afasta-se das lendas para tornar-se história.
As tribos que compunham os hebreus compreendiam a união como vantagem, tornando-se nação monárquica, avançando fronteiras em nome de Yavé, quando Israel deixa de ser os hebreus pastores nômades, para uma efetiva fixação territorial, dedicando-se à terra e à guerra.
Gradativamente, depois da saída do Egito, o povo unificando costumes por Leis [Decálogo], em rejeição às coisas antigas, retorna à Canaã para lá, então, edificar uma nação santificada. É nesta fase que se separam as fases pré e pós-mosaica.
A progressividade de Yavé se faz surpreendente junto ao povo hebreu, nas considerações de que Jacó, quando de sua estadia na Mesopotâmia, vinha carregado de deuses, alguns modificados ao longo da sua peregrinação. Sente-se que foi na Cananeia, no retorno, que o culto a Elohim (deuses) passou para 'Há-Elohim' (soberano dos deuses), depois para 'Há-Adon' (Adonai – senhor, deus maior), indo para 'Há-Elim' (criadores ou da natureza, caindo para o singular Há-El – criador).
A efetiva supremacia de Yavé é colocada em Deuteronômio 10: 17, excluindo os deuses menores, absorvendo-lhes os títulos, sendo então o Adonai, Abba (Pai), Eloá (Deus - singular), a exemplos. O livro mencionado é sacerdotal, escrito entre os séculos IV e II - AEC, não havendo registros
anteriores ao período.
É deste Yavé, devidamente universalizado, que se serve o cristianismo para suas pregações.Yavé não é mais aquele dentre os deuses violentos e cheios de contrastes, que incitavam o homem às práticas erradas: roubos, adultérios, assassinatos, guerras e penas de morte. Ele torna-se um deus santo, porém complacente, preocupado com a moralidade e o bem viver, um deus redentorista e misericordioso que não temeu humanizar-se, através do Cristo.

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