Trata-se, sem dúvidas, da mais enigmática das questões, onde
toda e qualquer opinião, seja ela científica ou religiosa, está e estará sempre
sujeita às controvérsias.
Existe sobrevida consciente do homem em algum lugar
além-túmulo?
Para muitos a morte física não significa aniquilamento total
do homem, pois que a energia mental sobrevive à matéria, e até mesmo esta,
ainda que decomposta, de uma maneira ou de outra, sobreviverá em alguma coisa,
em algum lugar dentro do universo, do qual nada pode escapar.
Nesta compreensão, impossível qualquer materialista refutar
cientificamente tal posição; senão uns e outros, mais sustentados nas
convicções ateístas, que não discutem o assunto porque simplesmente não
acreditam, religiosamente, na sobrevivência da personalidade metafísica do homem
após a morte terrena. Para uns e outros incrédulos até se pode conceber um
corpo sem pensamento, mas jamais um pensamento sem corpo, uma teoria expressa
em A Morte, de Maurício Maeterlink.
Com razões e de fato, manifestações exteriorizadas da mente
ocorrem mediante acionamento de um órgão, no caso o cérebro. Destarte, como
poderiam tais manifestações ocorrer, estando decomposto o cérebro, sua fonte
original?
Numa primeira análise percebe-se, ainda que distintos o corpo
e a mente, que todas as evidências de paranormalidades comprovadas ocorrem a
partir de organismo vivo, mesmo nos casos de redivivos, onde a existência
física ainda se encontra presente, ou seja, sem a higidez cadavérica.
As manifestações de possíveis desencarnados, dentro dos mais
variados estados fenomênicos, dão-se aos vivos, com as presenças ou sempre
através dos vivos, pelos sensitivos / médiuns. Tais ocorrências, por mais
verossímeis que possam parecer, não trazem a verdade científica necessária para
comprovação do eu, daquele outro possível lado ou dimensão. O fenômeno
apresenta-se sempre de uma maneira unilateral, pois o daqui é possível provar
enquanto que o de lá, apenas conjecturas.
Sobreviverá em algum lugar ou dimensão, a consciência
desprovida de um corpo físico ou de um cérebro?
Firma-se que os fenômenos paranormais unicamente em si, não
atestam a consciência do eu pós-morte. Também a reencarnação, apesar dos
inúmeros casos que demonstram possibilidades de um mundo espiritual, ainda traz
mistérios não resolvidos como a abolição da memória no momento reencarnatório,
como se ocorrida uma espécie de morte para o lado de lá.
Existem casos, e muitos, em que encarnados passam a ter,
espontaneamente ou provocados, reminiscências de uma outra existência anterior
aqui na terra, como fenômenos duradouros ou não. São relatos interessantes,
muitos até resistentes às contra-argumentações, mas que tão somente provam,
cientificamente, a capacidade independente do homem aqui na terra e na presente
encarnação.
Porque alguns lembram de encarnações anteriores aqui na
terra, com espantosas precisões, sejam elas naturais ou provocadas – a exemplos
das hipnoterapias regressivas, enquanto quase nada de consistente dizem do lado
de lá?
Alguns cientistas demonstram que a kirliangrafia não é apenas
um efeito corona – escapes de freqüências e voltagens em torno de um organismo
vivo, verificando que as oscilações da aura (nos seres viventes) ultrapassam as
diminutas variações do efeito corona; e muito menos que seriam elementos
oriundos e matizados como forças químico-físicas e mentais, modeladoras e
organizadoras do ser.
Não contestamos nada disto, apenas informamos que tais
comprovações científicas, entendendo que isto em quase nada contribui para uma
prova definitiva sobre a sobrevivência do da consciência. Contudo cientistas
espíritas trazem interessantes refutações aos materialistas, afirmando que à
inteligência individual e independente da matéria física, ainda que
interligadas e capazes de acionar e moldar elementos físicos e psíquicos, não
se pode negar atributos de conservação de memórias.
Considere-se: tudo o que há no ser humano ou que envolve sua
formação psicossomática, vem e encontra-se no universo, na natureza (fatos
cientificamente aceitos), pois que espírito é espírito e matéria é matéria –
Evangelho segundo João 3:6.
Afirmam, ainda, os defensores espíritas que a natureza é
suficientemente capaz, pe-las “características do Modelo Organizador Biológico,
MOB, e do Campo Bio-Magnético de ter e produzir os elementos, agregando-os e
dando-lhes formas, onde quer que haja condições, necessidade e, porque não,
vontade”, colocações de conformidade com definições do Dr. Hernani Guimarães
Andrade em sua obra A Matéria Psi.
Já os dualistas, como contestadores do materialismo,
demonstram que para a ligação mente e corpo, a homificação ou fusão
psicossomática, faz-se preciso um elo de união, elo este extraído do fluído
universal e denominado, sobretudo no meio espírita, de perispírito ou
psicossoma, pelas ciências.
Este fluído tomado para revestimento do espírito ou alma,
faz-se dos elementos constitutivos do mundo onde o espírito irá encarnar ou
habitar; apenas o espírito traz atributos e os princípios para a vivência terrestre.
Nestes choques de posições, observa-se que os princípios e
atributos espirituais, co-mo a inteligência, o livre arbítrio e a vontade,
adentram no ser humano ainda embrionário e nele se manifestam,
independentemente da matéria física; uma vez finda esta matéria, pela morte, o
espírito retira-se com o seu invólucro, indo para outra dimensão, mantendo-o
enquanto perdurar seu vínculo ao planeta.
O espírito desencarnado conserva seus atributos, princípios e
faculdades, somados às experiências adquiridas quando encarnado, porém livre
das limitações que a matéria lhe impõe, porque se tal não ocorresse – aqui um
contorno científico e religioso, não haveria evolução e muito menos necessidade
da encarnação. O não recordar de vidas passadas, justifica-se que se tal
ocorresse, o indivíduo estaria tolhido de seu livre arbítrio, alem de danos
personalísticos que poderia vir a sofrer – uma quebra das regras da espiritualidade.
Admitindo, portanto, uma personalidade extrafísica no homem,
e que o torna tão diferente das demais animalidades e outros seres, é
inadmissível que aquelas qualidades não se conservem inteligentes após a morte
física.
A consciência, portanto, sobrevive do outro lado, esteja este
lado onde estiver.
E assim vamos a Deus, sua existência ou não, mas primeiro há
que se estabelecer qual esse Deus, onde para entendermos, há que se promover um
retorno ao princípio dos tempos, quando o homem fez nascer e cultuar suas
divindades.
-o-
Nenhum comentário:
Postar um comentário