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sábado, 3 de abril de 2010

ALGUMAS FRATERNIDADES SECRETAS NA BÍBLIA

1. Da Ordem de Melquisedec 
O povo de Abrão (Abraão), saindo da Mesopotâmia iniciara uma peregrinação às terras da Palestina e Egito, em busca de fixação territorial; promessa divina, dele sairia uma grande nação para Deus, conforme Gênesis 12: 2.
Nestas expedições abraânicas, entre guerras de tantas vitoriosas, eis que lhe vem ao encontro um Sacerdote Rei (ou Rei Sacerdote) de Salém [forma contrata de Jerusalém], devidamente identificado como Sacerdote do Deus Altíssimo (Gênesis 14: 18 e sg; Epístola aos Hebreus 7: 1). 
Ora, o povo de Abraão seria o exclusivo de Deus, enquanto os habitantes da Palestina eram todos malditos, conforme Gênesis 9: 25-27, gente perversa (Levíticos 18: 25) e por isto aquelas terras lhes seriam tomadas e dadas por herança, destino ou ordem de Yavé, aos descendentes de Abraão - a terra prometida; ainda assim e no entanto surge ali, bem junto do patriarca, a figura impoluta do Rei e Sumo Sacerdote Melquisedec, não somente para abençoa-lo como também para receber dízimos das conquistas e despojos de guerras conquistados por Abraão. 
Esta primeira referência à Melquisedec diz respeito ao seu encontro com Abraão, no Vale do Rei (Sava), quando o patriarca avistava-se com o Rei de Sodoma; o Sacerdote, Rei de Salém, trouxera-lhe então pão e vinho (símbolo eucarístico), abençoou Abraão - "Bendito seja o Deus Altíssimo que pôs os teus inimigos em tuas mãos, e Abraão lhe deu o dízimo de tudo", assunto que o autor da Epístola aos Hebreus descreve com pormenores no capítulo 7 a partir do verso 4.
Porque Abraão dignou-se pagar dízimos à Ordem de Melquisedec? 
Por certo por algum pacto proposto, alguma consulta prévia a respeito de sua empreitada; o que nos leva ao entendimento que, então, a Ordem prestava serviços remunerados.
Melquisedec qual figura emblemática, surge novamente em citação Salmos 110:4, “tu és Sacerdote eterno à ordem de Melquisedec”, designado Sacerdote do Deus Altíssimo, o que se pode entender, uma Ordem monoteísta ou, no mínimo, monolátrica, com rígido exercício de poderes sacerdotal e régio.
Em Notas Explicativas o Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Tradução das Escrituras), às páginas 731 A e B, diz do Salmos 110: 1 no tocante - "Fala Deus ao meu senhor", onde 'fala' seria tradução do hebraico 'ne'um' como termo técnico e forma solene de respeito quando do uso de oráculos sagrados, frequentemente anteposto ao nome divino, denotando mensagens tidas como diretas, isto é, Deus falando através do homem. 
Se 'ne'um' antes do nome de um homem e importa isto como inspiração divina; entende-se então a conferência de exercícios temporal e secular numa única pessoa, com amplos poderes de sacramentar cargos, constituir governantes, no uso de seus atributos diretos e de respeitos; valia-se o operador de oráculos, para as devidas consultas, respostas e decisões outras de caráter divino ou adivinhatório, do Urim e do Tumim - mais adiante explicados, ou de algum outro sistema, plenamente cônscio de suas responsabilidades pessoais, sabendo impor-se diante das situações.
Analisando o verso 7 do citado Salmos 110 que diz: "bebendo da água/fonte do reto caminho, conservará erguida sua cabeça", evidencia-se que o 'beber água da fonte' significaria a Ordem, o reto caminho a iniciação, enquanto que 'conservará erguida sua cabeça' o exercício do poder [poderio], ou sejam, das necessidades de aprendizados ou uma iniciação para graduar-se e ser respeitado. 
Conforme mencionado em referida Notas Explicativas do Pontifício Instituto Bíblico de Roma, todo o Salmos 110 é texto obscuro e incompleto, todavia uma alusão óbvia à Ordem Sacerdotal de Melquisedec, que os copistas e messianistas - dentre estes o autor da Epístola aos Hebreus, valeram-se para nele a identificação do Messias Prometido.
Já no Novo Testamento, em Hebreus 5:6, existe uma repetição do Salmos 110 e, no verso 10, "proclamado por Deus Sumo Sacerdote, à ordem de Melquisedec". No mesmo livro capítulo 7, há uma descrição apologética ao Sacerdócio de Melquisedec em detrimento ao de Aarão; nos versos 2 do capítulo 7, o significado do nome Melquisedec como Justiça [Rei da Justiça], e para a cidade de Salém, PAZ, enquanto que o versículo 3 traz, surpreendentemente como se tratasse apenas de um personagem, "apresenta-se sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem ter começo de dias nem fim de vida (...) permanece Sacerdote para sempre". Melquisedec conforme apresentação no texto bíblico, trata-se de uma Ordem e não de um indivíduo isoladamente. 
O que então significaria?
O autor dos Hebreus nos dá uma pista: trata-se de uma Ordem Sacerdotal 'Paz e Justiça', altamente secreta quanto aos seus Mestres (sem genealogias), Iniciados e as suas Doutrinas, sempre vista com muita reverência e modelo para ser seguido, um bom exemplo de Alta Magia.
Que Ordem seria esta?
Não era judaica, com certeza, mas era uma Ordem e em tudo superior à Ordem de Aarão (Sacerdócio), as Escrituras reconhecem isto pela sua natureza eviterna (Hebreus 7: 21-24) e não hereditária. O verso 23 do mesmo livro de Hebreus faz referência à Ordem de Melquisedec, informando que tal tinha caráter irremovível.
Da Ordem de Melquisedec temos assim seu caráter devidamente exposto, daquilo que seriam suas bases doutrinárias, efeitos práticos e superioridade às demais Ordens Iniciáticas, consoante vistas em todo livro Epístola aos Hebreus, quando se procurava por uma nova ordem prenunciada em Isaías 66: 21, que a classificamos cristocêntrica para, assim caracterizar seu distanciamento efetivo da doutrina pregada por João Batista, porta-voz de uma outra Seita Iniciática, à qual Jesus pertencera e que depois fizera-se dissidente.
Conforme o Livro aos Hebreus, esta nova Ordem seria uma síntese da Ordem de Melquisedec, com naturais avanços centrados na figura de um Cristo Ideal, ao lado de pensamentos judaicos, tudo dentro de uma pedagogia inovadora de representatividades, oportunamente expostas. Aos desertores desta nova ordem, as devidas recomendações e ameaças contidas no capítulo 10 do mesmo livro, versículos de 26-39. 
Extraído o cristocentrismo da Epístola aos Hebreus, verifica-se que a Ordem de Melquisedec valia-se dos 'mal'akim', ou seja, mensageiros espirituais [anjos] - força ativa e sobrenatural disponível para um Iniciado. Tal livro [Hebreus] ao procurar diminuir o Sacerdócio levítico de Aarão, traz a tona toda magnificência da Ordem de Melquisedec, que acreditava na eternidade com o Deus Todo Poderoso, a admissão do espírito no homem como emanação deste Divino e o conseqüente retorno a Ele.
É uma Ordem reencarnacionista: "muito teríamos a dizer a esse respeito, e nada fácil de explicar" - Hebreus 5: 11-14, "enquanto deveríeis ser mestres em razão do tempo, tendes ainda necessidade de aprender os primeiros elementos dos oráculos divinos {da palavra de Deus]"; por conseguinte também evolucionista e iniciática, ao dar ao homem a força motriz do conhecimento e do saber.
A Ordem determina normas de procedimentos para que se atinja tal conhecimento e a realização plena do saber - capítulo 13 de Hebreus, constância (capítulo 12), a eficácia de santificação quanto aos objetivos propostos (10: 19-25) e vinculações ao pacto estabelecido - capítulo 8 correlacionado ao descrito em Jeremias 31: 31-34.
As revelações e sua doutrina descrevem o Verbo Encarnado, a Palavra, como base precípua da Ordem - Hebreus 1: 3 com referências em II Corintios 5: 4.

2. Das Magias do Egito e de Midiã 
Pela Bíblia, a vocação de Moisés para as artes secretas é vista em todas as descrições de suas atitudes, como exemplo, o uso da mística naturista para identificar e contatar o seu deus, Yavé, numa montanha - vulcão ativo [força divina], onde recebe [faz] as instruções para conduzir seu povo; os conhecimentos de alquimia para converter água em sangue - veneno que arrasou cardumes no Egito - um fenômeno que os sacerdotes egípcios, chamados de Magos, reproduziram; de encantamentos, seu bordão se transformou em cobra e que os Magos também fizeram; o saber do comportamento animal e seu ciclo, ao fazer as rãs saírem das águas do Nilo, em direção a terra firme [invadindo casas], com mesma reprodução fenomênica pelos Magos; entendimento quanto a ausência de saneamento básico numa região onde peixes e rãs mortos e expostos a céu aberto, com a conseqüente vinda de moscas, insetos inoportunos e roedores, das doenças diversas na população e animais domésticos. 
Nos relatos bíblicos, Moisés e os Magos egípcios estariam travando uma verdadeira batalha no campo das Magias, até o momento em que os Magos do Egito não mais se interessaram reproduzir fenômenos, logo após a invasão das moscas, cientes dos resultados funestos dos espetáculos iniciais e da armadilha em que se meteram.
Moisés demonstrou bons conhecimentos meteorológicos - chegada da chuva de granizo, o vento primaveril do sul do Egito trazendo nuvens de areias e de pós do deserto, um fenômeno que se repetia com certa constância, deixando a região como que às escuras e o ar sufocante; dos ciclos de chegadas de insetos, a praga dos gafanhotos que, de tempos em tempos, sempre dentro de lógica previsível, infestavam o Oriente Médio, trazidos e conduzidos pelos ventos que propiciam aqueles insetos a vencerem grandes distâncias. As pragas e as realizações citadas se encontram no Livro Êxodo capítulo 7, a partir do verso 9 até o capítulo 11. 
O Libertador Moisés parecia, também, conhecer o uso da pólvora - a região de seu sogro Raguel [Reuel], mostrava-se rica em salitre, enxofre e carvão, e Êxodo 34: 29-35 sugere possível acidente com explosivos do tipo que feriu Moisés.
Raguel era Sacerdote Midianita, cujo título honorífico seria Jetro, isto é, pai de todos ou sabedoria iniciática.
Versado em rabdomancia, Moisés também não teve dificuldades de encontrar água para seu povo.
Moisés era um Iniciado nas Magias do Egito - fora criado dentro da corte do Faraó, porém jamais viria ser um governante, sabia disto pela própria origem, todavia poderia ser um Sacerdote - isto lhe era possível, e suas demonstrações de proezas em nada diferiam dos Iniciados daquele país. 
Entende-se ainda que Moisés recebesse outra iniciação pelo seu sogro e Sacerdote Raguel, Êxodo 2:16, nos quarenta anos de vivera fora do Egito, na Arábia junto a tribo de Midiã, vistos pelos conhecimentos quanto à natureza e ciclos do vulcão do Sinai, Êxodo 19: 9 e mais os versos 16-25, assim como da geografia regional e saber os melhores caminhos por onde conduzir o povo, de modo dificultar perseguição egípcia, por exemplo, atravessar um lago de águas rebaixadas e coberto de juncos [yam sûf] - cuja lama de fundo não permitiria o trânsito dos pesados carros de guerra dos egípcios.
De acordo com Êxodo 14: 9-21 os filhos de Israel estiveram acampados certa feita em Piahirot, defronte aos pântanos lago Baal Sefon - hoje drenada e atravessada pelo Canal de Suez, numa noite em que terrível siroco [vento quente regional sueste - fenômeno previsível] batera sobre o local e deixando um caminho de juncos tombados sobre as águas, por onde avançou Moisés e os seus, tão logo avistado ao longe o exército do faraó. 
A expressão hebraica 'yam sûf' - Mar de Juncos foi traduzida por Mar Vermelho, pela versão grega Septuaginta e a latina Vulgata, erro mantido nas diversas versões para o português. 
Sem dúvidas Moisés tinha conhecimentos secretos e sempre soube estar com seu povo nos lugares certos para os acontecimentos, a exemplo das migrações das codornizes, que saiam do interior do continente africano em direção às regiões temperadas do norte - (Oriente Médio), pousando a noite, em bandos, junto a determinadas áreas (Êxodo 16: 18 e versos seguintes de referido capítulo). 
O Libertador também sabia do fenômeno do maná - certas árvores frutíferas como algumas espécies de tâmaras do deserto, têm seus frutos feridos por insetos - no ato da alimentação noturna, destilando assim uma substância açucarada que escorrer ao chão formava uma bolota que, logo pela manhã com o nascer do sol secava-se rapidamente em forma de bolotas, dando saboroso e nutritivo alimento - codornizes migratórias repousavam a noite junto destas árvores, assim fáceis de serem capturadas.
Moisés jamais produziu milagre algum. Os seus grandes milagres seriam o estar sempre presente no momento dos acontecimentos.
Outros fatos apontam Moisés conhecedor de segredos para a época, por exemplo, a eletricidade estática que utilizou com grandes desempenhos - Êxodo 13: 21-22, vista em tremendos efeitos óticos (Êxodo 40: 34 e sg). A arca citada no Êxodo 25: 10 e sequências, seria na verdade um grande acumulador de energia de alta tensão captada do deserto.
Tal arca construída de acordo com Êxodo 37: 1-9, por ordem divina (Êxodo 25: 11-37), ainda hoje estimula imaginações ainda hoje, um artefato de madeira em forma de arca, revestido por proteções externa e interna de ouro [e possivelmente chumbo], com medidas descritas, com condutores separados por isolantes, e somente podia ser transportada, com certos cuidados, por pessoas autorizadas através de bastões isolantes. Aqueles que ousaram tocar a Arca sem a proteção devida, morreram fulminados. Ensejam, fundamentados em Êxodo, que a tal arca iluminava o arraial dos judeus durante a noite.
Moisés transmitiu ao seu irmão Aarão, todos seus conhecimentos - há suspeitas de que Aarão também tenha sido um iniciado na Escola egípcia, e por isto de sua linhagem é que sairiam os Sacerdotes de Israel, como num segredo, oral e escrito, passado de pai para filhos, ao longo das muitas gerações.
Pelas demonstrações bíblicas citadas, Moisés teria conhecimentos e realizações bem acima dos Sacerdotes Egípcios, onde fizera seus estudos primeiros, dado seu aprendizado também em Midiã. 

3. Sacerdócio Aaranítico
Classe notoriamente advinda da Escola Egípcia com elementos Midianitas, princípios observáveis pelo seu caráter místico, regras de iniciações, magias, encantamentos, fórmulas mágicas, símbolos, ciências em suas diversas correntes, regras morais e tabus ao lado dos esoterismos e exoterismos com respectivos cerimoniais, rituais de oblações e purificações, revelações de mistérios, o ocultismo - ciências secretas de uma maneira geral.
Quando acontece o êxodo, já existe um povo com uma identidade nacional. Depois, com a elaboração de suas leis - verdadeira constituição religiosa, Israel ganhou contornos de uma nação organizada; sobrevivera ao desastre de dominação estrangeira em cativeiro por quatro séculos, então nada mais justo que atribuir a Yavé a sua integridade, quando tantos povos já haviam desaparecido como nações, um sistema lógico de conseguir unido seu povo: Yavé estaria sempre com eles, condicionalmente ao se me obedecerdes (Êxodo 19: 5), pelos Sacerdotes [herança egípcia e de outras nações], uma classe especial mandatária a determinar rédeas de um governo tido Teocrático.
As terras conquistadas e divididas entre as diversas tribos, a Classe Sacerdotal [dirigida pelos intocáveis levitas] manteve-se centralizadora em seus poderes de decisões de ordem geral (civil e religiosa), ficando para os Juízes, por eles nomeados, o exercício pleno do poder militar, com atribuições de verdadeiros ditadores contra o povo, a cumprirem ordens emanadas dos sacerdotes: Yavé [entenda-se classe sacerdotal] assim determina, portanto tal não se discute, cumpra-se apenas.
Porque os sacerdotes instituíram os Juízes?
Sabe-se por Deuteronômio 17: 8-13, da existência de juízes de vários graus, com funções específicas, subordinados aos Sacerdotes - uma espécie de juizado de causas menores, todavia não tinham eles autoridade sobre o povo, limitando-se às atribuições de pequenos julgamentos; o cargo era transitório e de confiança. 
As muitas guerras com povos vizinhos, revoltas internas, estavam sempre a exigir atenções especiais dos Sacerdotes - os representantes de Yavé, com incômodas situações posto que não treinados para o militarismo, nem eram estrategistas bélicos, com a agravante diante de batalhas perdidas: como poderia Yavé, todo poderoso, fracassar contra o inimigo?
Melhor estaria a situação, se entregue nas mãos de um Juiz Único, com poderes de governo militar e de ordem pública, ficando com os sacerdotes, porém, todas as demais decisões, além do exercício secular do poder absoluto.
O exercício do sacerdócio era devidamente regulamentado em Lei, instituída pelo próprio Deus (Êxodo 19: 5-6; 28: 1-41), destinado à tribo de Levi (Números 3: 6-9 - serviços sagrados gerais e auxiliares) cabendo à descendência de Arão, irmão de Moisés o Libertador, a exclusividade do sacerdócio propriamente dito (Êxodo 40: 12-16); Arão (Aarão) também era da tribo levítica. Pelo livro Levíticos, a partir 7: 14 e 32-34, são conferidos direitos à classe; o capítulo 10: 1-7 impõe os deveres, enquanto o 21: 16-24 informa das demais exigências para o cargo - algumas delas, a exemplo da probidade.
Com a efetiva fixação dos israelitas na Palestina, o Sacerdócio, hereditário por lei, aos poucos se emancipando do conquistador Josué, vencendo um início de separatismo conforme se vê no Livro de Josué 12: 11-12 e 30-34.
Se Deus falava a Josué, às vezes Yavé por outras Elohim, e este ao povo, o povo a Josué e ele a Deus; como ocorriam tais fenômenos? 
Sem dúvidas através dos Sacerdotes, recorrendo e respeitando-se objetivos expostos quando a construção de Arca da Aliança e no que diz a respeito: "Aí eu me encontrarei contigo, e de cima do propiciatório, no meio dos dois querubins que estão sobre a arca do testemunho, comunicar-te-ei todas as coisas que te ordenarei a respeito dos filhos de Israel" (Êxodo 25: 22); Deus definitivamente abandonara aquela maneira naturista de falar de sobre um monte trovejante.
Os Sacerdotes eram então proeminentes sobre todos os demais homens de Israel, centrados numa Teocracia, fazendo-se privilegiados porque era, apenas através deles, que Deus dava ordens, transmitia mensagens e, por eles também, Deus ouvia o povo de acordo com atributos expressos em Êxodo 28: 30.
Embora o Sacerdócio fosse hereditário e exclusivo, vêem-se nos textos sagrados as necessidades dos preparos tantos e consagrações diversas, além dos afazeres e das muitas complexidades inerentes a tão elevado cargo; Ser Sacerdote era, antes de tudo, sofrer todo processo de rígida iniciação, onde se faziam aprendizados desde as atividades mais elementares às maiores complexidades das ciências, afinal a Teocracia exigia sempre o saber tudo, inclusive as Magias. Não foi, portanto, por mera distinção que Moisés colocara Aarão como sacerdote, pois que Aarão fora um Iniciado no Egito e aprendera os altos segredos, tal qual Moisés, e estes não poderiam ser revelados, sob pena de perdas da mística e assim a conseqüente desagregação do povo, unificado numa só fé.
Em Josué 5: 13-15, o valente conquistador que emprestou seu nome ao livro ou por ele foi honrado, teve uma dessas experiências que veio coloca-lo no devido lugar de um valoroso guerreiro, contudo submisso a Deus [aos sacerdotes]: Josué estivera face a face com certo homem, ficando na dúvida se amigo ou inimigo, portanto não muito diferente dos demais - os dois achavam-se a sós, e aquele homem identificou-se como chefe e príncipe do exército do Senhor. Teólogos cristãos vêem na passagem uma teofania do próprio Deus, ou a presença de um anjo mensageiro, porém tais situações não mais aconteciam porque Deus tinha seu lugar certo de conversações; na realidade um dos sacerdotes foi quem aparecera a Josué, ciente dos segredos de como transfigurar-se e causar impressionismos. 
Mas, por volta do ano 1120 anos antes de Cristo, um garoto foi entregue a Heli, Chefe dos Sacerdotes e Juiz, para que fosse devidamente instruído [iniciado] acerca das coisas sagradas; o pequeno "fez progressos tanto aos olhos de Deus como dos homens" (I Samuel 2: 26), fez votos perpétuos de Nazireado. Ainda criança, paramentava-se com vestes sacerdotais - mesmo livro, versículos 18 e 19, o que bem identifica sua precocidade e dedicação integral vocacionada a alta iniciação; tinha contudo um problema: não era da tribo de Levi e nem da descendência de Aarão, não podendo portanto ser Sacerdote, nem ao menos um serviçal auxiliar.
A Teologia para justificar Samuel, este era o nome da criança agora jovem, coloca-o efraimita, não da tribo de Efraim, e sim quanto sua cidade natal, porém levita por linhagem, mencionando para tanto genealogia vista em I Crônicas 6: 10-12. Evidentemente a colocação bíblica genealógica é forçada por não se tratar, originariamente, do mesmo Samuel, a bastar observações quanto aos nomes de seus descendentes [filhos].
Para pronta solução do problema e assim não perder um dos mais valorosos dentre os iniciados, Heli recorreu a um expediente facultado em Lei, Deuteronômio 18: 15-20, instituindo o Profetismo, ou seja a Classe dos Profetas, para nela devidamente estabelecer Samuel.
Registram-se casos de profetas eventuais nos livros antigos como Gênesis 20:7, Números 11: 25 e Deuteronômio 4:10, contudo distantes de algum ministério constante e regrado.
Samuel tão logo sagrado Profeta Oficial, assumiu também as funções de Juiz, vindo a suplantar os Sacerdotes e assim promover uma reforma religiosa sem precedentes; já, em I Reis 18:16-20, observa-se o Profetismo independente dos demais poderes, civil, religioso e militar. 

4. Da Classe dos Profetas 
Samuel fez Escola Sacerdotal e foi um alto iniciado naquela classe, todavia dado impeditivos legais, ele não era levita - por mais que forcem os cristãos, jamais ele pode ou veio assumir aquela função, antes sim lhe foi aberto um expediente inovador, ao ser ungido como Profeta Oficial, Eclesiástico 46: 13.
Promovidas as reformas religiosas e civis para seu povo, Samuel diminuiu em quase tudo a influência externa da Classe Sacerdotal, limitando-a tão somente aos trabalhos do Tabernáculo - futuro Templo, fazendo-se assim além de Profeta também Juiz -Executivo e Legislador, acabando por estabelecer uma Escola de Profetas, I Samuel 10: 5 e confirmada em II Reis 2: 3, mais as referências. 
Numa hábil negociação política com os anciãos de Israel que estavam a exigir-lhe um rei, I Samuel 8:4-5, visível contra-ofensiva da Classe Sacerdotal com justificativas de que o Profeta já estaria velho e decadente, este então deu-lhes um monarca, sem contudo perdas das forças do Profetismo - ungiu a Saul como rei, porém este fez-se um governante enfraquecido dentro do próprio poder, onde a ordem vinha sempre de Deus através de Samuel, o profeta ungido.
Quando Saul mostrou garras contra os Profetas que interferiam demasiadamente em seu governo, Samuel numa ousada estratégia ungiu um novo rei para Israel, desta vez Davi, num sistema hereditário, sem a deposição ou morte do primeiro: não se podia tocar num ungido do Senhor, todavia Saul já não era mais de sua confiança e, por conseguinte nem de Deus. Com esta manobra Samuel confirmou sua simpatia e liderança junto ao povo, que se voltou então contra Saul e a classe dos Sacerdotes, a nação mergulhar numa guerra civil além dos conflitos com nações estrangeiras. 
Sustentado através do apoio popular, Samuel colocou a Classe dos Profetas como a real governante do país, mais uma vez em detrimento à Ordem dos Sacerdotes, com ações independentes dos demais poderes constituídos; daí sim concretizada sua obra: Israel teria sempre um rei, do ramo de Jessé e os Profetas estabelecidos como um Ministério constante - podia morrer em paz.
A primeira Escola Iniciática de Profetas, que se encontra no Livro de Samuel, mostra características de atos próprios e inerentes às funções de profetismo, com homens preparados e sagrados ao ofício, capazes de verdadeiros estados de êxtases e excitações místicas envolventes, como representatividade real de Deus junto ao povo.
Nem sempre a convivência dos reis com os profetas foi pacífica, segundo se pode primeiro Livro dos Reis, 18: 3-4, onde de iniciados, uma centena deles, são escondidos em cavernas para escaparem da morte. 
Mas o que era ser Profeta em Israel e Judá?
'Nabi', com o significado de arauto ou mensageiro, seria o homem estudado e consagrado a Deus, inteiramente dedicado à missão de levar ao povo mensagens, ordens e decisões outras diretas de Deus, isto é, com a palavra sempre persuasiva 'o Senhor assim fala', individuais ou comunitárias, visando manutenções da ordem social e vida religiosa, com capacidades de desestabilizar governos ou de unir o povo, numa empreitada qualquer, independentemente da vontade do rei ou dos sacerdotes. Os Profetas também determinavam castigos, revelavam segredos, com uma força mística ora a valer-se de mímicas, palavras, danças, músicas diversas ou de escritos, quase sempre impregnados de poderes, não raras vezes, recorrentes de dons variados de paranormalidades (fenômenos parapsicológicos) - clarividências, prognósticos, pré e pós-cognições, vaticínios e curas dentre outras tantas capacidades.
Com total isenção e independência dos demais poderes constituídos, o Profeta somente prestava contas de seus atos à sua Ordem. Com a ascensão do Profetismo e o seu carisma junto ao povo, os Sacerdotes ficaram limitados a atribuições específicas nos Templos, raramente consultados, e assim os Profetas se tornaram guias espirituais, juízes especiais, chefes políticos e militares, libertadores e atividades porventura designadas pela Confraria.
Durante quase 600 anos, desde que Samuel estabeleceu a Ordem, por volta de 1050 AEC até Malaquias, no ano 443 AEC prevaleceu a força dos profetas em detrimento aos sacerdotes. Com a dominação estrangeira sobre Israel o Profetismo foi extinto e substituído pela Classe Sacerdotal, muito mais dócil às manobras dos conquistadores.
Com o desaparecimento da Classe dos Profetas, o povo lastimava sua ausência e os conselheiros, diante do poder dos dominadores, aceitaram a volta do sacerdócio mediante condições: "Aprouve, pois, aos judeus e aos Sacerdotes que Simão seja seu Chefe e Sumo Sacerdote para sempre (etnarquia), até que surja um Profeta autorizado" - I Livro dos Macabeus 14: 41. No mesmo livro Macabeus 9: 27, "Reinava tamanha calamidade em Israel, qual não se tinha visto desde o dia em que não lhe fora dado ver um Profeta". Já o Salmos 74: 9 lamenta: "Não vemos mais os nossos estandartes, já não há nenhum profeta, nem entre nós quem saiba até quando".
O povo reclamava assim a erradicação do Profetismo, Profetas Iniciados, e culpam os acontecimentos contra a nação pela razão simples de já não terem mais nenhum profeta, porquanto o Profetismo lhes era tão importante quanto a própria Lei, não sendo raras as vezes que aparece o binômio bíblico "a Lei e os Profetas".
Porque acabara assim o Profetismo, uma instituição conclamada e de ausência tão sentida pelo povo
O livro Malaquias - 2: 7-9 parece trazer a resposta: a corrupção dos Sacerdotes - que se deixaram corromper, e "fizestes cair a muitos por via do vosso ensinamento. Rompestes o pacto de Leví (...) e fazeis acepções de pessoas perante a Lei". O dito "rompestes o pacto de Levi" significa uma alta traição, ocorrida durante a dominação persa, destacando-se em Daniel 6: 2-3, um dos últimos Profetas a ocupar cargo de destaques naquele governo, a exemplos de Esdras e Neemias.
A literatura dos Sacerdotes cala-se a respeito dos Profetas, não existe vestígio algum quanto a extinção do Profetismo. Contudo, à maneira como os Sacerdotes colocaram-se ao dispor dos gregos, seus novos conquistadores pós-dominação persa, torna-se compreensível o entendimento quanto à extinção da Confraria dos Profetas, com os sacerdotes entregando-se aos novos senhores e a estes submetendo todo o povo, para sagraram-se vencedores de uma guerra surda que jamais deixara de existir, em tempo algum, entre as Classes Sacerdotal e dos Profetas.
Com Malaquias, talvez o último dos Profetas da Ordem ou o primeiro de uma nova Fraternidade, surgiu notável linha de pensamento religioso restaurador: o Profeta Elias retornaria à terra. 
Para não fomentar a crescente teoria / hipótese da reencarnação, colocou-se posteriormente aos textos, que Elias não morrera, antes, vivia em algum lugar da terra. Mais tarde, dado o correr dos séculos e nada de Elias se apresentar, acrescentou-se que ele não morrera e sim fora arrebatado ao céu, ocorrência que nem os contemporâneos acreditavam (II Reis 2: 16-18).
Visando dirimir dúvidas para que não se ficasse no campo do risível, o assunto passou a ser que Elias voltaria sim, mas em espírito e virtude, isto é, o seu ministério, uma obra semelhante e missões idênticas, todavia não existem paralelos entre Elias e de João Batista, o Elias reconhecido, quanto ao exercício ministerial ou o caráter das mensagens de cada um. 
Malaquias no livro que empresta seu nome traz de volta, por razões óbvias, o Yavé ameaçador e vingador, da mesma forma que os profetas predecessores imediatos, também os últimos de uma Classe outrora gloriosa. Malaquias, porém, investe mais contra a Classe Sacerdotal que qualquer outro profeta, ditando o Sacerdotismo culpado pela ruína do povo, a prática de cultos estranhos, os elementos gregos na cultura e religião judaica, a miscigenação do povo - enfraquecimento nacional, divórcios indiscriminados - ruína social, com todas as conseqüências de degradações tanto às moralidade quanto à religião, evidencias do judaísmo decadente.
Querem alguns que a obra Malaquias seja de significação essênica, muito bem expressada naquilo que os essênios determinavam que a salvação viesse diretamente de Yavé, isto é, sem nenhum intermediário humano; que então o anjo mensageiro (Malaquias) seria a Comunidade dos Essênios e o anjo da aliança o próprio Yavé [Malaquias 3:1] com ações diretas, porque entendiam como filho de Deus não um homem divino ou divinizado, e sim a nação de Israel - Êxodo 4:2 2 e Oseias 11: 1, ou seja, o povo como um todo e não um Jesus conforme a tradição cristã.
Os versos 19 a 24 do capítulo 3 de Malaquias, na versão bíblica do PIBR - as demais versões acrescentam um quarto capítulo a partir do verso 19 do capítulo precedente, foram escritos por autor diferente, de uma outra Ordem ou Seita pré-cristã, textos devidamente acrescentados quando da elaboração efetiva do Cânon Bíblico, pois é ao Profeta Elias, reencarnado em João Batista, a quem estava destinado um Ministério Restaurador e não a Jesus. 
A mensagem é clara: viria Elias [João Batista] e depois Yavé, num grande e terrível dia [Juízo Final], não havendo portanto lugar para nenhum outro, Jesus ou quem quer que fosse, pois que, positivamente, o Elias reencarnado não era e nunca fez parte do pensamento dos Essênios, de igual forma também de algum possível Messias Libertador. 

5. Comunidade dos Essênios
Dentre as várias Comunidades que surgiram em Israel, sem dúvidas destaca-se a dos Essênios, talvez não a mais importante delas, todavia a mais comentada, a mais estudada e, evidentemente, a mais conhecida, a ponto outras demais, como a do Grupo de Qurâm, serem classificadas também essênica.
O que seriam os Essênios?
alar deles é quase impossível sem discordâncias, nem todos concordam e novas evidências estão sempre a surgir diante das novas e constantes descobertas, de tal forma que a verdade ou mentira de hoje poderão não ser necessariamente aquelas de amanhã. Dos Essênios ainda se está muito longe de restituir-lhe toda a verdade.
Leon Denis, em sua obra Depois da Morte, ao discorrer sobre crenças e negações às religiões e doutrinas secretas, descreve os Essênios como grupo de iniciados que abertamente se entregam ao exercício da medicina, porém o seu fim real é mais elevado: consiste em ensinar, a um pequeno número de adeptos, as leis superiores do universo e da vida. O autor, comparando a doutrina dos Essênios com a de Pitágoras, informa que os membros daquela comunidade admitem a preexistência e as vidas sucessivas da alma; faz também um paralelo dos Essênios com a Comunidade Sacerdotal de Mênfis: a iniciação é graduada e requer vários anos de preparo. 
Denis não hesita em colocar Jesus como iniciado essênio, durante anos e anos, em seu período pré-apostólico, justificando por enxergar em atos de Jesus identidades com os essênios: o auxílio que estes lhe prestaram em várias circunstâncias, a hospitalidade gratuita que, a título de adepto ele recebia, e a fusão final da Ordem com os primeiros cristãos, fusão da qual saiu o Cristianismo Esotérico.
Por seu lado, Geza Vermes, em Os Manuscritos do Mar Morto, pela Editora Mercuryo, 1991 - introdução às páginas 13, expõe seu ponto de vista a respeito dos Essênios: "Nas próximas páginas admito a crença - juntamente com a maioria dos estudiosos do assunto - de que a antiga Seita dos Essênios e a Comunidade de Qurâm provavelmente eram a mesma"; linhas abaixo diz: "Qualquer estudioso mais acurado da Comunidade como um grupo religioso demanda um cuidadoso escrutínio, não só de seus próprios textos, como também destas referências clássicas", citando Philo de Alexandria - filósofo judeu do primeiro século, o historiador Flávio Josefo e o naturalista Plínio, o Velho, todos conhecidíssimos e dispensando apresentações.
Para G. Vermes, mesma citação, páginas 14, "o Essenismo está morto: a frágil estrutura de sua Organização inflexível e restrita não foi capaz de resistir a catástrofe nacional que atingiu o judaísmo palestínico no ano 70 da Era Cristã". Comparando o Mestre da retidão com Jesus, declara: "Ainda que seu Mestre da Retidão haja percebido claramente as profundas obrigações implícitas da Lei Mosaica, ele não tinha o gênio de Jesus que desvelou o núcleo da Verdade espiritual e expôs a essência da religião como um relacionamento essencial do homem com o homem e do homem com Deus".
Félicien Challaye, autor da Pequena História das Grandes Religiões, de 1940, publicada pela Ibrasa em 1967, às páginas 165, descreve que "Os Essênios levaram às últimas conseqüências a ideia de absoluta justiça, características de Yavé; depois de uma descrição da vida simples e em comum dos Essênios, quanto ao mínimo necessário dedicado ao trabalho de subsistência (agricultura e pesca), que no mais nada faziam que pudesse ou viesse ser utilizado em guerras”. O autor informa que a Comunidade pregava a liberdade social do homem como um todo, e a espiritual ainda que esta regida sob rigorosa lei.
Na obra Judas Traidor ou Traído, de Danilo Nunes - Gráfica Record Editora, 1968, às páginas 241, referindo-se aos Essênios cita Millar Burrows (Les Manuscites de la Mer Morte, 1962 - página 282), com transcrição em nota: "Os essênios e outros sectários como os de Qurâm, levaram ao extremo a concepção rabínica de que a salvação viria exclusivamente de Deus. Isolaram-se, retiraram-se do mundo, seguiram normas estritas de disciplina e pureza, e pelo estudo da Lei, reparavam-se para o Reino de Deus."
Ainda Danilo Nunes, páginas 53 e 54 - mesma obra, interpreta referências aos Essênios pelos Philo (Filon) de Alexandria, Plínio - o Velho (antigo), Dion Crisóstomo - Reitor Grego do primeiro século, e Flávio Josefo, sobre onde e como viviam os Essênios: "Parece que de início viviam em aldeias ou cidades, mantendo o mínimo de contato com os habitantes. Estremando-se, porém, seu horror à contaminação, isolaram-se em comunidades no deserto, submetendo-se a rigoroso ritual de purificação e trabalhando para as próprias necessidades."
Para as clássicas perguntas se Jesus e João Batista foram Essênios, Nunes cita autores como Conyebare, entendendo certas proximidades de ações de João Batista com os Essênios, descaracterizando contudo o ritual de batismo do Batista - rito de iniciação e de arrependimento, com o ritual da Seita: "Constantes abluções para manter pureza. Ainda por Conyebare, o Batista também seria avesso à vida monacal, estudos e contemplações, pregava para multidões, era escatológico (pró juízo final) e ostensivamente agressivo a Herodes, em tudo contrastando os Essênios; João tinha um ministério diferente, mais contundente porém de menores preceitos, denotando que ele não fora nem ao menos um possível dissidente daquela Seita."
Danilo Nunes não acredita que o Batista tenha pertencido à Seita de Qurâm (para ele ambas são bem distintas uma da outra): "Não o cremos, e pelas mesmas razões que o diferenciavam dos Essênios - e nisto funda-se em Barrows (obra citada, 376) e Allegro (John Marco Allegro: Os Manuscritos do Mar Morto, Publicações Europa - América, Lisboa, 1958, páginas 229). Já com referência às possibilidades de Jesus haver pertencido a uma das Comunidades, esta acha-se colocada fora de cogitações, até mesmo pelo liberalismo de Jesus quanto às Leis, totalmente incompatível com a rigidez essênica ou do sistema de Qurâm."
Somos de entendimento conforme já expressado, que para os Essênios a salvação viria de Yavé, direta e exclusivamente Dele, uma manifestação à maneira e semelhança dos tempos antigos, quando Deus pronunciava-se a Moisés; para isto estudavam exaustivamente as Leis, dando-lhes uma interpretação muito própria e quase que sem as influências do pensamento grego; esses Eleitos de Deus seriam portanto os restauradores dos textos sagrados quanto à sua vivência e interpretação, com uma rígida doutrina de obras e de fé. 
Os Essênios não acreditavam e muito menos esperavam um Messias homem, ou em um deus encarnado; não eram crentes quanto à teoria da ressurreição corpórea - ensino presumido de Jesus. 

6. Hassidin (Hasïdïm) - Os Assideus 
Uma seita ultra-ortodoxa, sendo seus membros conhecidos por pios ou devotos, mencionada pela primeira vez em I Macabeus 2: 42, como um grupo extremamente apegado à Lei Mosaica e sua mais rígida interpretação, todavia com uma novidade - provavelmente face a extinção do Profetismo e falência da Ordem Sacerdotal: "ninguém conduz, ninguém segue, todos são iguais perante Deus" - (O Homem em Busca de Deus, pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 1990). De acordo com a mesma fonte os membros Hassidins seriam reencarnacionistas, assim como os atuais Hassidins o são ,e se dizem fiéis aos antigos e longínquos preceitos de seus antepassados.
Apesar da aparente rigidez quanto às observâncias da Lei, opunham-se contra a violação do sabá, ainda que para ofícios religiosos, os Hassidins eram contrários ao pedantismo judaico, uma característica sempre marcante dos ortodoxos. Os membros da Seita eram tenazes opositores ao helenismo na cultura hebraica, embora sejam nítidas as influências da cultura persa em suas interpretações à Torá e demais textos bíblicos,
Das raízes dos Hassidins valer-se-iam mais tarde os fariseus [na época de Cristo]; para suas interpretações escriturísticas, e a Kaballa (Cabala) para sua linha própria de pensamento, com fortes traços e elementos dos pensamentos e fundamentos da Seita dos Hassidins.
Como quase todos os documentos de Ordens ou Seitas Secretas, também dos antigos Hassidins poucos chegaram até nós, na integridade, oras misturando-se às de outras Seitas, oras desaparecidos; todavia a Bíblia nos deixa pistas mais que suficientes para sabermos como e quem seriam os membros daquela liga.
No mencionado Livro I Macabeus capítulo 2: 42, citando "então uniram-se a eles (Sacerdote judeu macabeu e seus filhos - iniciados) os membros da liga dos assideus (hassïdïm), homens valentes de Israel, todos cordialmente dedicados à lei".
Parece pouco, contudo o necessário para traçarmos um perfil dos componentes de tal grêmio. Matatias fora um Sacerdote Macabeu ('Makkebyahu' - designado por Yavé), levantado em plena revolta dos judeus contra os dominadores gregos (por conta dos Selêucidas), por volta do ano 167 AEC, exatamente no período de maior perseguição ao povo, daqueles que se opunham à unificação do Império Selêucida, que não aceitavam da helenização da Judeia e onde muitos Sacerdotes e gentes do povo já haviam aderido à religião, costumes e cultura dos gregos; o judaísmo (sistema religioso) fora oficialmente abolido e aqueles que nele insistiam, quando não perseguidos e presos, eram mortos de assaltos.
Relatos em I Macabeus 1: 29-50, com interesses maiores a partir do verso 41, existe toda uma narrativa quanto às dificuldades vividas por aqueles que se opunham às ordens dos mandatários: "no entanto, o rei escreveu a todo o seu reino, para que todos formassem um só povo, e cada qual abandonasse os próprios costumes". Todas as nações se conformaram com o edito do rei, e até mesmo muitos em Israel viram com bons olhos a religião dele e sacrificaram aos ídolos e violaram o Sábado. O rei enviou emissários a Jerusalém e a todas as cidades de Judá com ordens escritas para que todos adotassem os costumes estranhos ao país; que abolissem os sacrifícios, os holocaustos e as libações no santuário; que violassem os sábados e as festas; que profanassem os lugares e pessoas consagradas; que se construíssem aras, recintos e oratórios para os ídolos, e se imolassem porcos e animais impuros; que deixassem incircuncisos os filhos; que se contaminassem com toda sorte de impurezas e profanações, ao ponto de esquecerem a lei e subverterem todas as instituições, sob pena de morte para quem não se conformasse com o edito real. No verso 53 do mesmo capítulo, uma triste constatação: Muitos dentre o povo aderiram a ele; todos os desertores da lei; praticaram mal no país e reduziram Israel à condição de ter que esconder-se onde quer que se encontrasse refúgio.
Realmente alguns fugiram, na época, para locais seguros, outros - a maioria aderiram às novas ordens, enquanto grande parte dos Sacerdotes negociaram com os dominadores, prestando-lhes relevantes serviços em troca de imunidades e outras benesses, inclusive forçando a população a render-se às exigências dos senhores, prestando-lhes honras e tributos - os sacerdotes, visando interesses próprios, usaram de engôdos para com o povo judeu, dando-lhes uma religião mista que tanto agradava os governantes quanto a população amedrontada. 
Estaria assim selado o fim do judaísmo, uma religião já sem as originalidades, toda interpretada sob pontos culturais dos gregos de quem efetivamente adotaram usos e costumes, inclusive o idioma. I Macabeus 1: 11, corroborado por II Macabeus 4: 17, nos dão uma ampla visão das disputas sacerdotais e de certos maiorais junto ao governo, sempre em detrimento ao povo.
O levante de Matatias, portanto, surgira para a libertação do povo judeu daquela terrível dominação estrangeira e, na medida do possível, trazer de volta a própria cultura e assim restaurar sua religião, então já profanada de maneira quase irreversível. Neste lamentável período da história judaica - como ainda acontece em muitas sociedades modernas tomadas de assaltos por ditadores, grandes nomes do povo, intelectuais, líderes e capacidades religiosas, puseram-se a salvos em esconderijos seguros nos desertos, montanhas e cavernas (era praticamente impossível exilar-se em nações vizinhas que não estivessem também sob o jugo dos gregos), de onde estabeleciam e faziam partir ordens de resistências populares contra os opressores, incentivos às guerrilhas ou mesmo mensagens religiosas de esperanças, preparando o povo para o surgimento de um Libertador, senão o próprio Yavé em vir acudi-lo.
Dentre estes muitos, evidentemente grupos isolados e por vezes divergentes entre si em suas bases, destacam-se os religiosos - o povo judeu sempre fora carregado de místicas e a religião era sem dúvidas o elemento conciliador e unificador daquela gente, que sempre e ainda mantinham viva a esperança e fé em Deus, apesar dos pesares; assim muitas Seitas secretas surgiram, algumas envolvidas também nos contextos políticos [não bastava tão somente a libertação territorial de Israel e sim também a sua volta às origens e formas de religiosidades], todavia mais voltadas às interpretações dos textos sagrados, exaustivos estudos, como que procurando explicações para todo aquele terror e inanição de Yavé - porque Deus abandonara seu povo? 
Dentre estas seitas, a dos Hassidins fez-se presente de uma maneira muito atuante, inteiramente voltada para a lei - sua interpretação e rígida observação, tendo em sua história um momento muito especial que fez com que seus líderes e mestres viessem unir-se a um grupo político; tal motivo pode ser encontrado em I Macabeus 2: 29-38: tiveram um de seus esconderijos a descoberto pelo inimigo, em pleno sábado, e eles impossibilitados de fugirem ou mesmo de reagirem, por força de lei, foram impiedosa-mente mortos, mais de mil vidas entre homens e mulheres, velhos e crianças, assim como todos seus animais - os Hassidins não violavam o dia de sábado nem mesmo para ritos religiosos, ainda que às custas de sacrifícios de suas próprias vidas. 
Nestes aspectos, com os assideus aderindo a Matatias, o objetivo maior seria a reprovação à impiedade pagã e, sobretudo, porque o seus Mestres não querendo violar o Sábado, colocavam-se ao dispor daquele líder que poderia, com os seus, dar-lhes as devidas proteções : "Combateremos contra quem quer que nos assalte em dia de Sábado; não devemos perecer todos, como pereceram nossos irmãos nos seus esconderijos" - I Macabeus 2: 41, nas palavras de Matatias e seguidores.
Desta maneira observamos que os assideus eram pios de votos à lei, rigidamente observadores do Sábado - não importando se com sacrifícios das próprias vidas, que viviam em esconderijos; que seus líderes aderiram a Matatias por circunstâncias de sobrevivência, mortes poderiam ser evitadas, inclusive o desaparecimento do grupo, mesmo reprovando aquele chefe quanto às violações da lei. Eram uma liga ou agremiação de caráter profundamente religioso a liderarem milhares de pessoas, todos apegados à lei, objetivando eles a lógica premissa de uma liderança futura num Israel liberto, onde por certo fariam parte de algum conselho ou direção nacional.
Os Hassidins ao se unirem a um grupo guerreiro e tão contrário à sua fé, abertamente desejavam sobrevivência e, secretamente aspiravam ao trono de Israel, para fazer desta nação novamente um governo Teocrático; se os objetivos dos Macabeus estavam para a libertação de Israel da dominação estrangeira, a dos Hassidins sem dúvidas era a restauração da Lei.
Se os fariseus tiveram suas interpretações de leis à maneira e semelhança dos Hassidins - I Macabeus 2: 42 (nota explicativa PIBR) e os fariseus acreditavam na ressurreição, nos espíritos e nos anjos [espíritos iluminados - mentores], conforme Atos 23: 7-8, é de se entender que eram eles reencarnacionistas - a palavra reencarnação foi abolida dos textos sagrados pelo Concílio de Constantinopla em 553, por contrapor-se aos dogmas e artigos de fé da então florescente Igreja Católica [concepção de encarnação única] e, em algumas passagens bíblicas colocou-se indevidamente a palavra ressurreição em vez de reencarnação, a exemplo neste texto de Atos.
No tocante à reencarnação, vê-se ainda o livro História dos Hassidins - Os Mestres Posteriores (citação na obra já mencionada O Homem em Busca de Deus, às páginas 223), que o autor Martin Buber faz uma exposição quanto à crença reencarnacionista dos Hassidins.
Odiando os gregos, rejeitando sua cultura e costumes, a teoria da reencarnação ou transmigração de almas não seriam de inspiração grega (embora esta civilização tivesse pensadores favoráveis à hipótese e tal crença em seu meio era amplamente divulgada), esta então poderia ser tomada da cultura egípcia ou persa ou, ainda, de alguns povos do Oriente Médio/Mesopotâmia, adeptos ao reencarnacionismo.
Todavia, aprofundando nas Escrituras Judaicas, observa-se que os judeus acreditavam na reencarnação da alma/espírito, como se pode verificar em Êxodo 34: 7, ultima parte : "que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos, 'na' terceira e quarta geração" (in Vulgata Latina); quase que nas mesmas palavras, o texto repete-se em Números 14: 18. As atuais traduções bíblicas (Católica - PIBR, Protestante - Ferreira de Almeida, e das Testemunhas de Jeová - Novo Mundo das Escrituras), trazem em vez da palavra grifada 'na' a colocação 'até à', num total desrespeito aos antigos manuscritos ou às originalidades, numa visível defesa ou tentativa de harmonização daquela passagem com a teoria unicista encarnatória. Se as traduções modernas insistem que a mensagem seria até à, e não na, esta seria totalmente confrontante com Deuteronômio 24: 16 que diz claramente, "os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada qual morrera pelo seu pecado"; também haveria total distorção comparando aquele texto com João 9: 2 [ultima parte] e 3 [primeira parte] "Rabi, quem pecou, estes ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: nem ele pecou nem seus pais".
Evidentemente que os textos se harmonizam se em vez de até à ocorresse a palavra na; Dr. Erly Bom Cosenday (Vacine-se Contra a Loucura - Edicel Ltda, pgs 50 e 51), faz uma brilhante exposição a respeito dos textos acima, invocando a tradução bíblica de São Jerônimo, a tradução de Lejzer Ludwik Zamanhof e a Edição Brasileira da Bíblia, onde se diz 'na' e não 'até à'; o mesmo autor invoca ainda Isaias 26: 19, um texto nitidamente reencarnacionista: "Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada, viverão de novo", informando parecer de Allan Kardec "Se o profeta houvera querido falar da vida espiritual, se houvera pretendido dizer que aqueles que tinham sido executados não estavam mortos em espírito, teria dito: ainda vivem e não viverão de novo". No sentido espiritual estas palavras seriam um contrassenso, pois que implicariam numa interrupção da vida da alma.
Corretas a traduções mencionadas, fundamenta-se a crença na reencarnação; os Hassidins jamais embasariam sua fé se tais textos contidos no Antigo Testamento tivessem interpretações diferentes.
Também se a Cabala tem similitudes com os pensamentos dos Hassidins, a ponto de se confundirem, e estes a antecedeu em séculos - a Cabala somente surgiu no século XII, têm-se que os Hassidins davam às Escrituras interpretações todas especiais. O homem inteligente seria a multiplicidade da essência do Uno, causa principal da criação, num processo primeiro porém interativo e evolucionista, dado uso das faculdades mentais, real função do espírito, com atividades combinadas - ser, existir, evoluir - em direção ao Todo Unificado, pela mística e aspectos de racionalidade, onde o princípio da redenção estaria no evitar erros.
Entender as Escrituras significaria compreender o Bem e o Mal; Deus jamais criaria os anjos, e toda sua hierarquia, como seres perfeitos, para que alguém simplesmente se pronunciasse numa rebelião - evidências de uma não perfeição; não daria luz ao homem, antevendo sua queda, pois que para isto seria então um Deus Mal, talvez aí algum princípio de Zoroastro [Pérsia] na "constante luta entre o Bem e o Mal, para evoluir sempre".
Os Hassidins de hoje, ressuscitados no século XVIII, sem perdas de suas bases e características milenares, desenvolveu-se no Leste Europeu e, como outrora, destacando-se pelas músicas, danças e êxtases, ainda crédulos de que o Messias Prometido ainda virá para restaurar Israel que então deixará de ser pisada pelos gentios; que o Messias virá no exato momento em que Jerusalém deixar de ser piada por gentes estranhas ao Judaísmo (Lucas 21: 24, Romanos 11: 25, com esclarecimentos e interpretações de Daniel 9: 27 e 11: 36), quando eles, os Hassidins estarão com referido Messias (Isaias 10: 22).

7. Comunidade de Qurâm
Destacado sobremaneira de 1947 até os dias atuais, são dados a este Grupo valores e dimensões extraordinários, face ao Manuscritos do Mar Morto.
Muitos do estudiosos de Quarâm, assim como os esotéricos e místicos em geral, pretendem que naqueles manuscritos estejam todas as verdades religiosas judaico-cristãs.
Respeitando-se os estudiosos, muitos vêem na Comunidade de Qurâm a Seita dos Essênios, quando na verdade o que se tem de concreto as duas fraternidades eram bem distintas entre si, embora ambas tivessem pontos em comum : Comunidades Monásticas de rígidos princípios e doutrinas, que um dia saíram do convívio social para entregarem-se inteiramente aos estudos e interpretações dos textos sagrados, sob óticas particulares de verdades, num crucial momento de falência do judaísmo como religião oficial, infestado então de pensamentos gregos e de outras culturas (viriam adotar posteriormente o universalismo romano - atitude de um povo submisso e adaptável aos seus senhores).
Os membros de Qurâm eram participantes de uma Sociedade Comunitária - e isto a vincularia aos primeiros Cristãos - Messianistas (Atos 4: 32), contudo era isto uma situação de sobrevivência para os de Qurâm, face aos perigos de mortes e perseguições movidas pelos dominadores e sacerdotes de Israel.
A Comunidade de Qurâm, inquestionavelmente nos legou importantíssimas grandes verdades, recentemente descobertas nem todas ainda de domínio público, revelando-nos sua realidade mística religiosa, de tão belas interpretações e idéias. Pelos manuscritos, a Ordem era extremamente purista quanto às doutrinas, e severamente justa quanto aos preceitos, vivendo em constantes ritualismos, orações e cânticos, às raias da fanatismo : tudo lhes provinha de Deus e a Deus deveriam se consagrar, às custas de sacrifícios físicos - vigílias e jejuns prolongados, e mortificações outras para que assim estivessem prontos quando das ações e ordens diretas de Deus.
Tinham eles uma economia de subsistência - todo seu destino estava nas mãos de Yavé e eles acreditavam que, através da Comunidade é que haveria expiação para a Terra; um tanto mais recente que os Essênios, os de Qurâm parecem ter surgido por volta do ano 100 AEC, embora alguns de seus manuscritos pareçam indicar datas anteriores.
Allegro em sua obra, às páginas 207, citada por Danilo Nunes, diz que para os de Qurâm o novo reino seria, essencialmente, uma instituição sacra, uma congregação de santos dedicados ao serviço de Deus e ao estudo da lei; informando que por isso os membros e mestres de Qurâm procuravam antecipa-lo em sua comunidade no deserto. Pelo mesmo Allegro, por Danilo Nunes, "A seita de Qurâm esperava a vinda de dois Messias: o Sacerdotal e o Guerreiro. O primeiro seria o mediador perfeito entre Deus e o homem; o segundo, o Ungido, da família de Davi. Parece-nos a visão correta do Grupo de Qurâm e que portanto o distanciava dos Essênios."
Obviamente que não seria despropositada uma interação - como ensejam alguns, entre os dois grupos, quando já próximos de extinguirem-se, uma vez que ambos, sabidamente, envolveram-se como o Zelotismo (um partido político proscrito, resultante de idéias comuns do povo judeu), com objetivos propostos de libertar Israel das mãos dos dominadores romanos, sendo esta uma libertação não somente política, como também social e religiosa, acabando quase todos dizimados - assim como povo de Israel, nos acontecimentos de Massada em 73, e por fim extintos (o Partido e as Seitas) totalmente em 132, quando sob a liderança de um Messias verdadeiramente reconhecido como a Estrela de Davi, conhecido por Bar-Kochba; parece não ter havido sobreviventes de membros da Comunidade de Qurâm (assim como dos Essênios também), todavia seus pensamentos foram devidamente registrados e escondidos em cavernas, descobertos por acaso em 1947. 

8. Os Gnósticos
O pensamento Gnóstico pré-cristão era, sem dúvidas, fortemente influenciado pelo pensamento grego com as místicas orientais, baseados nas tradições do judaísmo. Percebe-se claramente o platonismo em suas interpretações quanto aos reais estados da matéria (terra e carne) conhecidos e vivenciados pelos sentidos, ao lado da ideia do ser - o ideal absoluto, através do conhecimento pela alma.
Incluía-se aí, além da imortalidade da alma - independente da matéria (corpo físico) com todos seus elementos físicos, com a beleza da teologia judaica em suas exaltações quanto a justiça divina a ser realizada sobre a terra, um ideal de vida através de um antropatismo inigualável - transferir em e apenas para Deus, os efeitos dos sentimentos humanos.
Também era o Gnosticismo uma síntese de pensamentos diversos de intérpretes místicos, sem perdas ou descaracterizações de essências individuais; vê-se no movimento Gnóstico traços e elementos gregos, persas, hindus [pelos persas], babilônicos e egípcios, com arquétipos judaicos; com a chegada dos romanos no Oriente Médio, o Gnosticismo veio a adotar deste todo seu universalismo, colhendo assim novas tradições de outros e tão distantes povos; souberam eles elaborar muito bem tão diferentes doutrinas, codifica-las e dar-lhes um códice todo especial - nestas circunstâncias, tinham mesmo o conhecimento que viria justificar seu próprio nome.
A Gnose vivia entre seus iniciados a doutrina esotérica do dualismo universal - teoria dualista, onde a materialidade seria o princípio do mal - criação de um deus mal, uma vez que o deus bom seria apenas o criador das coisas invisíveis, teorias nas quais viria se inspirar tempos depois o Teólogo Marcion, autor de um Evangelho conhecido como "Segundo Marcion", (Félicen Challaye, às pgs 208), uma das principais e das mais antigas obras que bem expressam o pensamento gnóstico, e sabe-se que Evangelho Segundo São Marcos - o primeiro a ser escrito dentre os canônicos, teve sua inspiração em Marcion, como uma espécie de proto evangelho no qual também viriam se inspirar outros evangelistas.
O Dicionário Enciclopédico Brasileiro traz que "a Gnose constitui o fundo do Gnosticismo e, segundo o qual, a matéria, princípio do mal, existe fora de Deus - princípio do bem - mas sem dele proceder; as almas humanas são 'eons' decaídos, isto é, espíritos emanados da inteligência eterna, potências intermediárias que se encarnam em corpos materiais.
O Pontifício Instituto Bíblico de Roma em sua Tradução das Sagradas Escrituras, identifica, às páginas 1379 B (notas esplicativas), no livro de Atos 8: 9 e seguintes, a primeira alusão neotestamentária ao Movimento Gnóstico, como já pré-existente à época dos apóstolos, "com suas teorias de 'eons' intermediários entre Deus e o homem e suas genealogias." 
Para alguns estudiosos e certas facções do Gnosticismo, isto no entanto seria apenas o lado exotérico e não o esoterismo da Ordem, para os quais a noção de que a essência divina estaria presente, fundamentalmente, dentro da natureza humana, além de estar também presente fora disto - Evangelho de Felipe (Philip); outra Escritura 'Cavalo Hammadi' traz : "No princípio Deus criou os humanos, porém agora os humanos estão criando Deus. Tal é o modo disto, os mundo-humanos inventam deuses e adoram criações deles/delas. Seria melhor para tais deuses adorar os humanos." (O Fator da Gênese, Stephan UM Hoeller, tradução livre).
Os Gnósticos de um modo geral, tem interpretações singulares dos livros bíblicos, em especial a Gênesis, onde o Deus dos Hebreus, Yavé, é o deus mal e que as Escrituras Hebraicas, num geral, são rudes e repelentes, citando tais palavras como pronunciadas por São Jerônimo - tradutor bíblico para o Latim.
'Mistérios do Desconhecido - Seitas Secretas' (Editores de Time-Life Livros - Abril Livros 1992, página 20 B) assim se refere aos Gnósticos: "Acreditam ser entes espirituais a habitar um corpo e a viver em um mundo de pecados; uma vez porém, recebida a Gnose, conhecimento revelado unicamente a eles por Cristo, a redenção completa seria alcançada"; em seguida ao texto, uma citação de escritos de certo grupo Gnóstico, segundo os quais tal Gnose revelaria "quem éramos, e em que nos transformamos; onde estávamos e onde fizeram que caíssemos; para onde nos apressamos, e de que nos estamos redimindo; o que é o nascer, e o que é renascer". Certos pensadores gnósticos têm que o deus homem cristão é um insulto à razão, e o Cristo de quem afirmam terem recebido ensinamentos não era um homem matéria, e sim um ser fluídico.
A Gnose sempre pretendeu o conhecimento integral e, em razão disto, era uma Seita Fechada, altamente iniciática para os iluminados os demais estariam presos na matéria - terra e carne]; tinham vários caminhos para a libertação dos escolhidos, valendo-se além dos elevados estudos, meditações, jejuns, interpretações reveladas quanto ao sagrado - uns numa forma mística mais elevada, acreditavam nas revelações por êxtases e estados especiais de graça, para alcançarem iluminação; outros, mais próximos ao cristianismo, entendiam as mortificações como caminhos para os mesmos objetivos, entregando-se aos jejuns e meditações - de uma maneira ou de outra, todos envolviam-se em êxtases contemplativos, talvez por isto e em se tratando de experiências subjetivas, por vezes grupal ou notoriamente particulares, os entendimentos faziam-se contrastantes, provocando assim sérias cisões nos mais diversos grupos que não se cansam de experimentar divisões.
Hoje muitos Grupos Gnósticos, arvoram-se como verdadeiros e únicos detentores das verdades milenares, empenhando-se ampliar quadros conscientes dos fascínios que exercem sobre as pessoas, especialmente nos jovens, ansiados pelo saber e desfazer regras convencionais de religiosidades aprendidas nos lares e na sociedade.
A Gnose é um complexo corpo ou organização - sempre o foi, que pretende para si todas as fórmulas esotéricas, como a grande e universal - Sophia [Sabedoria], perdendo-se nos emaranhados códigos, símbolos estranhos, senhas especiais, sinais identificadores específicos, objetos - alguns mesmo iniciáticos e ritualísticos, e mais uma série de confusas citações de obras - crônicas e estudos secretos, privilégio de quase todas Doutrinas do gênero, obviamente não nominados e muito menos ao alcance do grande público ou dos neófitos, um sistema claro de manter assim presos seus iniciados quanto aos segredos das antigas iniciações e Ciências Secretas, somente reveladas aos poucos e ao longo de muitos e muitos anos de dedicações à Seita.
Os adeptos da Gnose atribuem sempre a ela valores e dimensões maiores do que a própria seita ou doutrina exige de si mesma, e todas as correntes procuram para si, antiguidades e conhecimentos que remontam primórdios da humanidade ou que antecedem a própria existência do homem no planeta terra.

9. Cabala [Kabbalah]
Do hebraico 'Qabbalah', latinizado 'Caballa' com o significado de 'tradição', para muitos, antigas interpretações ocultas da bíblia judaica, cuja doutrina trata dos simbolismos místicos das letras e dos números, enquanto para outros, tratado filosófico-religioso hebraico, com o qual se pretende resumir uma religião secreta, supostamente coexistente com a religião popular dos hebreus.
Talvez a Cabala, como entidade secreta ou escola iniciática jamais tenha existido, embora se possam associar alguns elementos babilônicos nas escrituras sagradas dos judeus, com interpretações somente possíveis a uns poucos entendidos, quando a língua hebraica entrava em desuso. Talvez daí a formação de algum grupo versado nas tradições babilônicas associadas às judaicas, cujos vestígios perderam-se na helenização judaica, ou nunca existiram.
O Professor Gershom Scholem, morto em 1982, aos 84 anos, "foi a pessoa que elevou o tema esotérico da Cabala ao lugar que lhe competia nos estudos judaicos" - Dan Miron (Herança Judaica, edição trimestral nº . 56, março de 1984, pela Editora B’nai B’rith S.C, páginas 19 - Gershom Scholem fala sobre Agnon, entrevista por Dan Miron).
Segundo Miron, na introdução que antecede a entrevista com ilustrado professor, a Cabala "é um sistema secreto de Teologia, Metafísica e Magia, ininteligível para aquele que não é iniciado", tida como "um sistema de interpretar as Escrituras, do qual se diz ter sido entregue oralmente por Abraão". Reconhece o entrevistador, no entanto, que a primeira formulação da Cabala, ocorrera no século XI na França, de onde se espalhou para a Espanha e depois para o mundo. 
Com o significado de recepção ou aquilo que é recebido, a Cabala é comumente confundida com as mais diversas e muitas vezes contraditórias doutrinas que levam seu nome, resultantes de um conceito inteiramente estranho ao pensamento ocidental - Jorge Luiz Borges numa conferência realizada em Buenos Aires (Argentina), em 1977, 
Seria ela uma Ciência, Ciência Oculta, com aplicações múltiplas para toda e qualquer espécie de necessidade humana, inclusive religiosa. Seu estudo era altamente secreto e iniciático, e poucos privilegiados poderiam participar de seus segredos. Assim, pretensiosamente diz-se uma Ciência Universal que engloba todas as demais (inclusive Ciências Médicas), também as Magias (Teurgia e Goétia) e tudo o mais que se possa imaginar: numerologias, astrologias, mancias diversas, cosmos (micro e macro), forças espirituais, capacidades mentais, paranormalidades, psiquismo, e por aí afora, inúmeras delas e aplicações também múltiplas.
O estudo da Cabala, excluindo-se as pretensões, do tudo e do todo, enaltece sempre o místico e os grandes mistérios da vida, através de exaustivos estudos, meditações, contemplações e um profundo esoterismo quanto às interpretações dos textos sagrados de todas e quaisquer culturas (todas com escritos exotéricos mas cuja exata compreensão é sempre esotérica ou iniciática). Parece realmente que a Cabala, como Ocultismo ou Segredos, tenha sido a grande alma de Iniciados - Sacerdotes e Líderes Espirituais de antigas civilizações desde os mais remotos tempos. 
Alguns estudiosos apontam-na como uma pré-ciência de todas as demais hoje comumente conhecidas (médica, química, física, astronômica, das teogonias, etc); fanáticos e adeptos, além dos doutos pseudos entendidos, é na Caba que se encontra a Verdadeira e Única Ciência, cuja compreensão integral o homem ainda não atingiu, jamais atingirá, senão os Iniciados, porque ela exige além dos conhecimentos acerca de tudo, também o lado espiritual de todas as coisas.
Compreende-se hoje que os termos cabalístico ou cabala simplesmente, já não são mais exclusividades de uma seita originária, e sim de todas as Ordens que se identificam com o esoterismo, sejam elas secretas ou não, misturando-se muito com o gnosticismo, às vezes quase que impossibilitando distinções.
A Origem da Cabala, no entanto, não vai além do século XII EC, na França e Espanha, surgida como síntese de misticismos e crenças anteriores, sobretudo do judaísmo mutilado e outras formas de religiosidades do Médio Oriente, com claros pronunciamentos da cultura helênica, evoluindo para agrupar outros elementos como do Cristianismo e demais grandes religiões, sempre sob a máxima de revelações divinas, sem descartar aquelas acontecidas através das teofanias, angeologias e cosmologias com suas mensagens reveladoras.
Para os Cabalistas as dez emanações divinas formam um homem - o homem arquétipo e este se encontra no céu; nós somos o seu reflexo. Dessas dez emanações que formaram um homem, emanam quatro mundos. O terceiro deles é o nosso mundo material; o quarto mundo é o inferno. Todos estão incluídos no Adam Kadman, que abrange o homem e seu micro cosmo, ou seja, todas as coisas (segundo Jorge Luiz Borges numa conferência em Buenos Aires (Argentina), publicada pela Revista Trimestral Herança Judáica, nº. 56 de narço de 1984 - Editora B’nai B’rith S.C.).
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Os autores não encontraram traços da Cabala na Bíblia Cristã - Antigo e Novo Testamentos.
Outras seitas e fraternidades porventura tenham existidos ao longo do Judaísmo e Cristianismo, e poderão ser objetos de acréscimos neste capítulo.
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