ADVERTÊNCIA

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sábado, 3 de abril de 2010

DA TEOLOGIA DA REENCARNAÇÃO - II

8. O homem de Deus que lia presságios e interpretava sonhos 
O já citado José, filho de Jacó [patriarca bíblico], foi um homem bastante conhecido como o sonhador e interprete de sonhos, dons que os cristãos consideram dados por Deus.
O que os cristãos não comentam, é que José lia presságios numa taça, bem aos moldes de modernos adivinhos e leitores de sortes, através de objetos da mesma natureza.
O assunto referente encontra-se em Gênesis 44: 5, quando guardas sob as ordens de José declaram-no adivinho: "Não é esta a taça por que bebe meu senhor? e em que ele bem adivinha? (...)."
A declaração não é de José e, com certeza, foi artimanha desnecessária, usada pela guarda, para flagrar delitos dos irmãos do senhor ministro do Egito, e assim prende-los. Mas o ato declaratório é desnecessário, por simplesmente bastar o encontro da taça, que deveria ser especial, para declarar presos os irmãos de José, ainda que inocentes, posto não terem eles furtado nada e o produto encontrado fora, furtivamente, colocado entre seus pertences.
Mas, em Gênesis 44: 15, é o próprio José quem declara, também sem necessidade, ser um adivinho e leitor de presságios, através daquela taça.
Argumentam que o episódio constitui numa pequena mentira do servo de Deus, mas, a mentira e não importa o grau, é um pecado ao mesmo nível que feitiçaria e outras abominações, conforme Apocalipse 21: 8, enquanto I Samuel 15: 26 coloca a adivinhação como pecado do mesmo quilate da rebeldia a Deus, ato que selou a rejeição de Javé a Saul e que lhe trouxe a morte, por conseqüência.
José não se declararia pressagiador numa taça, se de fato ele não o fosse, sobretudo considerando, repetimos, a desnecessidade daquela confissão.
Evidente que José não podia ser enquadrado aos rigores legais de Deuteronômio 18: 10, posto ser o pressagiador anterior às leis mosaicas, mas, estudando o livro Gênesis compreende-se que a adivinhação não era boa norma de ação, nem bem vista aos olhos de Deus, tanto que a proíbe ao povo hebreu em geral, somente permitido aos iniciados. 

9. Um espírito bom, da parte de Deus, se apossa de um corpo físico e usa-o; depois um espírito do mal, também da parte de Deus, faz sua incorporação
A Bíblia cita alguns exemplos de espíritos [da parte] de Deus, 'elohim', apossando-se de seres humanos, como em Juízes 3: 10 e referencias.
Em I Samuel 10: 10 está escrito: "(...) e o espírito do Senhor se apossou dele [Saul], e profetizou no meio deles". I Samuel 11: 6, numa outra passagem "Então o espírito [da parte] de Deus se apoderou de Saul (...)". 
I Samuel 16: 14-23, está escrito que após certa manifestação, o espírito da parte de Deus, retira-se de Saul e, em seguida, dele se apossa um outro espírito, maligno, também da parte de Deus, que só com certas práticas rituais deixava Saul em paz. Qualquer tradução bíblica, traz sempre escrito ou entendido, um espírito maligno da parte de Deus, sem deixar margens para dúvidas.
Outras citações trazem Saul em outros manifestos semelhantes, ora com um espírito bom, ora com algum [ou o mesmo] espírito perturbador, todos da parte de Deus.
Em tempos atuais, o assunto seria entendido que certamente algum obsessor passou a perturbar Saul, quando dele se apossava. Interessante observar a permissão divina para possessões tanto de espíritos bons quantos dos ruins e, mais que isso, todos indistintamente da parte de Deus.
A vivência de Saul no universo dos espíritos é, portanto, bastante singular, o que significa que no episódio da necromante de Endor, quando lhe surgiu o espírito de Samuel (I Samuel 28: 3-25), Saul sabia muito bem o que fazia e naquilo que estava a se envolver. 
A título de compreensão quanto ao uso de espíritos da parte de Deus, em I Reis 22: 19-23 está escrito sobre a necessidade do Criador promover uma situação contra determinado rei, e assim à procura de alguém para induzi-lo ao erro, quando se apresenta um espírito diante do Senhor e lhe propõe um plano para aqueles maus propósitos: "(...) eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas (...)". Deus não se fez de rogado: "(...) sai e faze assim" - verso 22; "Agora pois, eis que o Senhor pôs um espírito de mentira na boca de todos os teus profetas (...)" - versículo 23.
No livro Jó 1: 6, se percebe certa intimidade [de diálogo pelo menos] entre Satanás e Deus, e algumas permissões dadas pelo Senhor.

10. Mensagem escrita vinda do além
Bem ao gosto dos cristãos, está escrito: "Então lhe veio um escrito da parte de Elias o profeta, que dizia: 'Assim diz o Senhor Deus de Davi teu pai: Porquanto não andaste nos caminhos de Jeosafá, teu pai, e nos caminhos de Asa, rei de Judá' (...)" (II Crônicas 21: 12).
Trata-se de um texto aparentemente sem maiores dificuldades de compreensão: um alguém [o rei Jorão], da descendência [dinastia] de Davi, recebeu uma carta, ou bilhete que seja da parte do profeta Elias, para determinado fim repreensivo.
Tudo estaria certo não fosse um pequeno detalhe: Elias não mais se achava no mundo dos viventes terrenos, desde bem antes da ascensão do próprio Jorão ao trono. Como poderia, então, chegar ao rei Jorão um escrito atual da parte do profeta Elias?
As argumentações cristãs, depois da surpresa diante do texto e compreensão dos fatos, têm sido invariavelmente:
  • Elias não morreu, foi arrebatado aos céus, portanto não psicografou nada.
  • O arrebatamento de Elias foi algo duvidoso, já na época do acontecido, e só Eliseu, por alguma razão, acreditou naquilo (II Reis 2: 15-18). 
  • O arrebatamento de Elias para os céus [morada celestial, paraíso ou para onde Deus o tenha levado vivo], não tem base bíblica, considerando I Corintios 15: 50 "que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus". 
  • II Reis 2: 11 se compreendido como arrebatamento de Elias para junto de Deus, é totalmente contraditório com João 3: 13.
Argumentam, todavia, que Elias teria sido transformado, de corpo corruptível em incorruptível, embora a Bíblia não diz isso, e ainda que assim fosse, mais uma vez a Bíblia não dá seu aval, porque o episódio ocorreu antes do juízo final ou da ultima trombeta, fenômenos portanto ainda hoje não acontecidos.
Cientificados os biblistas que não apenas espírito de mortos psicografa, mas, também de vivos [comunicações intervivos], não é rara uma outra argumentação:
  • Elias, na qualidade de profeta, sabia que tal rei em tal época estaria em delito, contra Deus, e por isso providenciou meios que uma recomendação sua, escrita quando ele ainda na Terra, fosse entregue ao destinatário na época devida.
Evidente que se trata de uma resposta bastante forçada, totalmente despropositada em razão que outros profetas de Javé, bem poderiam levar advertências ao rei, sem nenhuma necessidade de citação a algum escrito da parte de Elias.
Raríssimos os reis de Israel ou Judá que não merecessem advertências iguais. Porque somente Jorão o premiado?

11. Materialização, escrita estranha sem interferência humana e sua interpretação, todos os fenômenos quase simultâneos
Daniel 5: 15 e seguintes, relata o surgimento inesperado, no espaço de certo ambiente, de dedos duma mão tipo humana [conforme antigo texto em aramaico], que escreveu indecifráveis palavras [sinais gráficos, silábicos ou figuras simbólicas, não se sabe com certeza], numa das paredes, sob olhares atônitos de muitas pessoas, todas partícipes de um festim oferecido pelo rei babilônico Belsassar.
A Bíblia - livro citado - esclarece que a aparição ocorreu num salão, sob a luz de candelabros, ou seja, mesmo que à noite, com boa iluminação, dando inclusive detalhes dos sobressaltos do rei e seus convivas. Escrita posterior aos acontecimentos, em momento algum a Escritura faz alusões a alguma espécie de histeria coletiva.
Cumpre destacar que, os acontecimentos até então, materialização dos dedos e a escrita automática [sem interferência humana] em caracteres estranhos, que alguns estudiosos apontam como antigo alfabeto semítico, por si já revelam magnitude de feitos fenomênicos, extrafísicos e simultâneos.
A explicação dada pelo profeta Daniel, antes da interpretação reveladora, afirma que da parte dos elohim [espíritos ou deuses, às vezes traduzido como o próprio Deus bíblico] foi enviada aquela forma de mão para tal escrita, ou seja, uma interferência direta dos espíritos.
Daniel primeiramente identificou [traduziu], aquilo que estava escrito ou simbolizado, como mane, tékel, fares [algumas traduções trazem 'parsim ou uparsim' em vez de 'fares'], conhecida denominação de pesos e medidas da época, com significados de: uma mina, um siclo, e uma e meia mina, que podem ser postas com ou como os verbos, contar [contou], pesar [pesou], dividir [dividiu], pelos costumes semíticos, que o profeta finalmente assim concluiu por alguma inspiração:
Mane - Deus computou o teu reino e lhe pôs fim-Tékel - foste pesado na balança e achado em falta -Parsim [Fares] - teu reino é findo e dividido.
A palavra 'fares', além dos sentidos dados, pesos/medidas e verbos, pode ainda, na opinião de alguns estudiosos, significar certa alusão à Pérsia [Paras/Parsas - parsim], nação que viria em seguida dominar aquele império, acontecimento que algumas versões bíblicas antecipam [como se escrito com anterioridade aos fatos], após a tradução de Parsim.
Não nos interessam nada estudos filológicos, históricos e outros, que não a identificação comprovada de ocorrências espirituais, no mundo terreno, além da intermediação do profeta [interprete / médium] entre os dois universos.

12. O intermediário entre os mundos terreno e espiritual, o médium, é quem decide uma incorporação?
I Corintios 14: 32, traz: "(...) os espíritos [manifestantes ou que se fazem manifestos] estão sujeitos aos videntes" [profetas ou, conforme estamos colocando, intermediários entre os homens e os espirituais].
Comumente as traduções bíblicas para o português trazem mais ou menos idênticas colocações que, "(...) os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas", obviamente sem muitas possibilidades de esclarecimentos, porque assim o texto não esclarece se estão eles, os espíritos, sujeitos ao próprio profeta ou se aos outros profetas porventura presentes.
Tidas as manifestações como possíveis de acontecimentos, conforme aquilo que está escrito, algumas outras indagações atormentam os cristãos não adeptos de cultos mediúnicos:
  • O profeta [vidente ou intermediário] pode ou não, de livre e espontânea vontade, receber o espírito comunicante da parte de Deus? 
  • Pode deixar de transmitir ou interromper uma mensagem espiritual já em andamento através dele, caso lhe seja desagradável ou que lhe venha ocasionar riscos? 
  • O intermediário entre os homens e os espíritos, pode não se deixar possuir pelo espírito comunicante ou frustrar-lhe a mensagem, simplesmente por assim desejar? 
  • Se for o próprio Deus o comunicante [que seja lá através do Espírito Santo, por algum dom especial], tem o homem autoridade suficiente sobre tal espírito?
O texto "(...) os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas", reconhecidamente, é bastante complexo para autoridades religiosas, e de difícil entendimento aos fiéis, tem pelo menos três situações são perceptíveis:
  • O assunto indica claramente manifestações de espíritos em seres humanos, tipo incorporação, possessão ou indução, para determinadas finalidades.
  • Dá clareza suficiente para entendimento, que de fato cabe ao intermediário [entre os mundos terreno e o espiritual], a decisão de ter em si ou não determinado espírito para comunicações, ou seja, se deve ou não deixar algum espírito dele se apossar [incorporar], para a transmissão da mensagem.
  • O texto sugere, pelo entendimento atual, possível mediunidade consciente.
Com tais indicações inegáveis, há que se concluir que a Bíblia, também pelo Novo Testamento, admite manifestações de espíritos entre os homens, além de incentivar buscas [mesmo livro e capítulo (I Corintios 14: 37-39).

13. Jesus comunicou-se também com os mortos
Mateus 17: 1-9 nos traz uma sessão de comunicação com os mortos, materializando-se os espíritos, sendo Jesus encarnado o partícipe principal do evento. O verso 3 é bastante claro: "e lhes apareceu [a Pedro, a Tiago, a João e a Jesus] Moisés e Elias", reconhecidos de pronto por eles.
Porque Moisés e Elias apareceram a eles e falaram com Jesus?
Para os cristãos, Moisés representaria a Lei, Elias os Profetas, e ali se fizeram presentes para testemunharem que Jesus era o Messias, e a Ele se subjugarem, uma justificação apenas, sem nenhuma explicativa para o fenômeno do surgimento de dois espíritos que já não habitavam mais a Terra, desde séculos e séculos.
É inegável que o fenômeno trata-se de manifestação espírita, uma realidade tremendamente difícil para aqueles que condenam o espiritismo, até pela presença física de Jesus naquela comunicação entre mortos e vivos.
Mesmo admitindo [o absurdo] que Elias não tenha experimentado a morte física, como ensejam os cristãos não espíritas, sua forma na aparição era nitidamente espiritual, tal qual a de Moisés, e da qual também se revestira ou fora envolvido o próprio Jesus.

14. Um espírito materializado diante de muitos
Depois de ressuscitado, Jesus apareceu a muitos dos seus, em espírito. Numa das vezes, os discípulos estavam reunidos onde falavam acerca dos últimos acontecimentos [morte de Jesus], quando o Mestre repentinamente apareceu no meio deles, e os sobressaltou, "E eles [os discípulos] espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito." (Lucas 24: 37).
Interessante que nenhum dos seguidores de Jesus, o reconheceu de pronto, após a ressurreição, mesmo a morte de Jesus ainda recente. Não o reconheceu as mulheres que primeiro o avistaram; não foi reconhecido pelos dois de Emaús que com Ele caminharam; não souberam os pescadores que era Ele, Jesus, quem a eles se apresentava.
Também aqueles que, reunidos, viram a aparição relatada em Lucas (24: 37), não sabiam que era Jesus. Mesmo Pedro, Tiago e João, tão próximos do Mestre, e que tiveram oportunidades íntimas de presenciá-lo transfigurado quando do contato com Moisés e Elias, O reconheceram.
Mas o espírito de Jesus lhes apareceu, com quinhentas ou mais testemunhas ao longo de um período, pós ressurreição; e embora não reconhecido de pronto, todos sabiam tratar-se ali de algum espírito, isto é, aparição de um ser desencarnado ou entidade espiritual, numa evidencia de crendice, dos seguidores de Jesus, nos seres espirituais, nas aparições e nas comunicações.
Os cristãos argumentam que era Jesus ressuscitado, no que concordamos plenamente, mas isto é algo que não exclui a verdade que, ressuscitado ou não, não era físico o Jesus surgido naquelas aparições pós-morte. Se não era Jesus físico mas a aparição ocorrera, natural tratar-se de um espírito manifestante, senão o próprio Jesus espiritual, ainda que não reconhecido de imediato pelos seus.
Se Jesus se mostrou em espírito, comunicou-se e promoveu fenômenos diante de muitos conforme relata a Bíblia, e assim acreditam os cristãos, é porque tais manifestações e feitos são possíveis e não proibidos, pois se assim fossem [proibidos] certamente Jesus não os exerceria.
Que também haja entendimento: Jesus, em espírito, não ficou seguidamente com os discípulos como o fazia em vida, e sim por momentos mais ou menos prolongados, em tipos de sessões ocorridas e algumas outras manifestações esporádicas.

15. O fenômeno da reencarnação: a Bíblia não deixa dúvidas
Quando o assunto é espiritismo, o cristão não adepto ao culto, de pronto e inadvertidamente lança ataque à reencarnação, argumentando biblicamente, a seu entender, que ao homem está destinado morrer uma vez só, depois disso vem o juízo, conforme Hebreus 9: 27, na mais conhecida passagem bíblica, utilizada contra a teoria reencarnacionista.
De fato, lá está escrito "Aos homens está ordenado morrerem uma vez vindo depois disso o juízo", enquanto Jó 7: 9 atesta que "Aquele que desce à sepultura, jamais tornará a subir", da mesma maneira que, no mesmo livro (Jó 14: 14) "Morrendo o homem, porventura tornará a viver?" numa evidente colocação que a morte é única e irreversível, da mesma maneira em diversas outras citações bíblicas.
Em II Samuel 12: 23 encontramos, ainda, os dizeres do rei Davi quando perdeu uma criança: "Porém, agora que é morta [a criança], porque jejuaria eu agora? Poderei eu faze-la de novo viver? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim".
Também somos de parecer que ao homem [por nome fulano, sicrano ou beltrano], encarnado num espaço de tempo, está ele destinado morrer uma única vez naquela existência, depois disso o juízo [de seus feitos], e daí as máximas de Jesus a Nicodemos: "Necessário vos é [será] nascer de novo" - João 3: 7.
Os não reencarnacionistas se defendem que Jesus falava a Nicodemos, da necessidade do batismo, conforme verso 5 do mesmo João 3: "(...) quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus". Bem, aqui ensejam o nascer da água como figurativo do batismo, mas no capítulo 4 do mesmo João, a água dita e prometida por Jesus à mulher de Samaria, tem o significado de vida [no caso, espiritual], conforme Jesus mesmo o afirma.
Mas, Jesus não disse a Nicodemos que o nascer da água é a necessidade de se batizar, porque senão ele diria: é preciso que seja batizado aquele que deseja entrar no reino de Deus.
Marcos 16: 16 declara: "(...) quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado". O texto não diz 'quem não for batizado será condenado' e nem poderia dizê-lo, porque 'para ser batizado alguém precisa antes crer', sob pena de nulidade do ato, mas nem todos têm condições ou tempo de ser batizado, sem anulações de crenças ou impeditivos para a salvação.
A água tem na Bíblia muitos significados mas, o principal deles e até a ciência o comprova, é ser o símbolo da existência da vida no planeta, ou seja, da materialidade, tanto que Jesus disse: “O que é nascido de carne é carne, e o que nascido do Espírito é espírito” – João 3:6, referindo-se à vida carnal e espiritual do homem.
De fato, a condição essencial para o homem se fazer integrante do reino de Deus, não há estudioso bíblico que a isto possa contestar, é o nascer carnal cujo corpo material serve de habitação provisória para o espírito habitar a terra, e nela cumprir os desígnios de Deus num determinado tempo, e depois disto, a morte física e o juízo dos feitos, para depois novos renascimentos na carne, em outras épocas e noutros corpos a serem gerados, tantas vezes quanto necessário para evolução espiritual efetiva.
Por isso no verso 7 de João 3, Jesus reafirma: “Não te admires de eu te haver dito: é necessário que vós sejais gerado de novo”. Cabe a observação que Jesus dirige-se a Nicodemos, na segunda pessoa do singular, mas, quando se refere à necessidade de nascer de novo, o diz no plural referindo-se a todos os homens.
Em João 3:8, Jesus explica seu pensamento a Nicodemos, numa comparação bastante simples e óbvia: "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito", significando percepções dos efeitos de um fenômeno natural, que se sabe existir, sem lhe ver a origem e direção, comparando tal ilustração com o espírito, que agora está encarnado aqui, mas num futuro não se pode determinar onde, assim como não se sabe ao certo onde esteve no passado.
O diálogo de Jesus e Nicodemos não para por aí, Nicodemos indaga no verso 9 como poderão acontecer tais coisas ditas por Jesus (versículo 8), e Jesus chama-lhe atenções: "tu és mestre em Israel e não sabes tais coisas?" (verso 10).
No versículo 11 está posto por Jesus: "Na verdade te digo [ele, Jesus, diz a Nicodemos], que nós dizemos e testificamos o que vimos; e vós [os homens] não aceitais nosso testemunho". Jesus usa a primeira pessoa do singular para si, quando conversa com Nicodemos, mas se coloca no plural quando diz das coisas espirituais, a significar com isso sua inspiração e/ou comunhão extrafísica com o universo espiritual, ali, no colóquio.
  • "Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?" João 3: 12.
Óbvio não se tratar de batismo nas águas, o que Nicodemos entendia e muito bem, pois sendo mestre em Israel e estudioso dos fenômenos e acontecimentos sociais e religiosos de seu povo, não lhe passaria despercebido o levantar de João Batista, dos essênios e tantos outros indivíduos e seitas que se valiam do batismo, como forma de iniciação ou ingresso num determinado culto; o próprio Jesus, também por seus discípulos, era um batizador (João 3: 22 e 4: 2).
O que Nicodemos não compreendera, ali, era a reencarnação do homem, da mesma maneira que também não compreenderia a geração espiritual humana, nem os desígnios de Deus para a necessária evolução espiritual, razão pela qual Jesus lhe foi determinante quanto a certas especulações pós-morte e celestiais: "Ninguém subiu ao céu [reino celestial], a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do homem" (João 3:13), palavras de Jesus ao se colocar na condição de espírito evoluído.
E a partir daí, no texto em questão, o Mestre passou a comentar apenas sobre seu ministério.

16. Crença na reencarnação da alma e a ressurreição do corpo
Entre os judeus, havia a crença na reencarnação, inclusive o grupo de Jesus, conforme vista em Mateus 16: 13-14, quando Jesus interroga seus seguidores mais próximos: "Quem dizem os homens ser o Filho do homem"?, e a resposta vem de pronto: "Uns, João Batista, outros Elias, e outros Jeremias ou um dos profetas".
Lucas 9: 19 traz resposta mais ou menos igual, porém acrescida do verbo ressuscitar: "E respondendo eles, disseram: João Batista; outros Elias, e outros que um dos antigos profetas ressuscitou".
Ressurreição vem do latim 'resuscitare', ou seja, voltar a vida, traduzida do grego 'anastasis', que significa 'por-se em pé' - 'regressar'.
O 'ressuscitou', à primeira vista e como se encontra em Lucas, quer dizer que algum dos antigos profetas, se levantou da sepultura e se apresentou dali em diante, como o Jesus profeticamente anunciado, para cumprimento de determinada tarefa entre os homens.
Se à ressurreição, de um profeta em Jesus, fosse dada significação idêntica ou pretendida às outras ressurreições vistas na Bíblia, como as promovidas por Elias, Eliseu e Jesus, os discípulos estariam tremendamente enganados, pois que assim Jesus não teria nascido de mulher, eles não teriam conhecido sua mãe, Maria, nem seus irmãos e irmãs.
Também a idade do Rabino provavelmente não seria a mesma, se ele fosse um dos profetas vindos diretamente da sepultura, e a sua identificação pessoal não seria Jesus e sim o nome do profeta ressurgido, como fizeram os ressuscitados descritos em Mateus 27: 52-53.
Seguramente os discípulos de Jesus sabiam que ele não fora nenhum ressuscitado de tal maneira, mas, aparentemente, podia não ser este o pensamento do povo.
Mirabolância à parte, a ressurreição sempre teve dois significados para os judeus e primeiros cristãos, a ressurreição do espírito ao sobreviver à matéria finda, e a ressurreição final, também espiritual.
Uma terceira significação, tardiamente posta, é a ressurreição da carne, embora crença firmada na maioria dos atuais segmentos da cristandade, não é bíblica nem científica, sendo inconcebível de se juntar restos mortais de toda humanidade feita pó e novamente lhe dar vida.
Consta que Santo Atanásio tenha sido autor do credo católico que diz "creio na ressurreição da carne". Reencarnacionista convicto, Atanásio não se pronunciaria assim, e sua posição [pessoal] ideava apenas que, vindo o espírito habitar um novo corpo físico, neste estaria, portanto a promover também sua ressurreição, isto é, seu retorno à vida terrena.
Mas Corintios 15: 44 afirma efetivamente: "Semeia-se o corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual". Numa outra versão: "Há dois corpos, um natural e outro espiritual, e ressuscita o corpo espiritual".
Então, existem dois corpos distintos, um material [animal] e outro espiritual; com a morte do corpo carnal, o espiritual ressuscita, isto é, sobrevive à morte e encaminha-se para algum lugar para o juízo de suas ações na Terra.
Ressuscitado e julgado seus atos, o espírito retorna a Terra depois de determinado tempo, se o caso, para a reencarnação, ou seja, vir habitar um novo corpo para um certo período de vida que lhe é dado cumprir, até que lhe venha a ultima encarnação e assim a ressurreição final do espírito.
Nestes considerandos, ressurreição é ressurreição, reencarnação é reencarnação. Quem crê na reencarnação não nega a ressurreição, e crer em ambas nada há de contraditório como poderiam afirmar os anti-reencarnacionistas.
Verdadeiramente há que se firmar a ressurreição do espírito após a morte do corpo físico, e a ultima ressurreição espiritual conforme descrição bíblica, quando da libertação final do espírito dos liames que o vinculam a terra, quando ao planeta retornaria tão somente por vontade própria, para alguma grande obra à humanidade.
Os discípulos de Jesus sabiam ser ele encarnado, conheciam sua parentela, e então o significado certo para ressurreição pretendida em Lucas 19, seria de um Jesus reencarnado e que outrora fora um profeta.
As ressurreições corpóreas bíblicas são todas imediatas e podem constar como condições de redivivos, inclusive as de Lázaro e de Jesus, posto que estavam em cavernas arejadas e não se descartam catalepsias. A compreensão dos judeus para as ressurreições carnais decorridos longos anos pós-morte, se diz tratar de espíritos manifestos numa nova existência física, ou seja, reencarnados.
Entre os judeus, na época de Jesus, havia não somente as crenças na reencarnação, como admitiam possibilidades de algum espírito evoluído, mesmo que recém-desencarnado, se fazer entrante num determinado indivíduo, para certas missiologias ou obras redentoristas efetivas ou transitórias.
Mateus 14 comprova tal convicção dos judeus, além das possibilidades de entrantes em algum corpo físico, também abandona-lo para ocupar uma outra matéria, uma teoria bastante próxima da transmigração de almas, isto é, de uma alma ou espírito deixar determinado corpo ou nele ser substituído, para ocupar outra matéria, sem necessidade da experiência repetitiva do nascimento, dada urgência das missões. Tais eventos somente ocorreriam com espíritos evoluídos.
Na citação de Mateus, João Batista quando aprisionado, teria interrompido determinada missão, posto sem condições de continuidade, e assim o entrante ou transmigrador [espírito ou mentor que estivera em João] teria optado por Jesus, para continuidade da obra, conforme estabelecem os versos 1 a 3, quando João Batista ainda não havia sido decapitado. Cabe observar que as primeiras pregações de Jesus eram assemelhadas às de João.
Alguns estudiosos acreditam, porém, que Cristo somente assumiu o corpo de Jesus a partir do batismo, para exercício de um ministério, vindo deixá-lo no momento da crucificação.
Também o espírito de Elias esteve sobre Eliseu ou em Eliseu, para nova obra profética, diferente tanto para Eliseu, a partir dali, quanto para o espírito de Elias. Trata-se de filosofia indo/persa absorvida pelos judeus das religiões da Pérsia, com as quais conviveram durante tempos.
Então Jesus poderia também estar apenas no espírito e virtude de um dos mencionados?
Poderia, e isto implicaria que o Cristo seria um daqueles em Jesus, a partir do batismo, e isto também é doutrina de crenças reencarnacionistas e de evoluções espirituais.
No Antigo Testamento, a mais formidável prova da reencarnação encontra-se em Jó 1:21 – “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei a ela”. Um texto singelo que não admite particular interpretação.

17. João Batista foi o Elias reencarnado?
Malaquias 4: 5, Antigo Testamento, informa o envio do profeta Elias a terra, como precursor de Jesus: "Eis que vos envio o profeta Elias, antes que venha o terrível e grande dia do Senhor". Em algumas traduções, o mesmo texto se encontra como Malaquias 3:23.
O anúncio da vinda de Elias, está secundado pelo verso 6, ou o 24, conforme a tradução, informando a missão do profeta, para que o povo pudesse reconhecê-lo e saber próxima a vinda do 'Filho de Deus'.
Elias era de fato esperado pelos judeus, desde a promessa em Malaquias, como precursor do Cristo.
Mas os hebreus não esperavam que Elias viesse, na forma de um homem adulto, diretamente do reino de Deus, mas em alguém renascido n'algum ser humano, tanto que o procuravam, incessantemente, neste ou naquele líder religioso nascido e levantado dentre o povo.
Julgaram encontra-lo em João Batista, mas o batizador respondeu que não era ele o Elias que havia de vir, nem mesmo um profeta. Alguns estudiosos espíritas acreditam que João Batista não se lembrava de sua encarnação anterior, outros que ele ainda não tinha consciência de sua missão, e aqueles em defesa que a modéstia fez João responder daquela forma. Infelizmente a Bíblia não tem nenhuma informação a respeito.
No livro Mateus 11: 14 e referencias, Jesus reconhece o cumprimento profético de Malaquias em João Batista, ao informar: "Oras, se quereis admitir, ele [João Batista] é o Elias que há de vir". Mais adiante, Mateus 17:12-13, Jesus acrescenta: "Digo-vos que Elias já veio, e não o reconheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista [morto recentemente a mando de Herodes]".
Jesus disse que João Batista, um homem nascido de mulher, era o Elias aguardado, e não alguém semelhante a ele ou com ministério idêntico.
Os espíritas se apegam a estes textos em Malaquias e Mateus, para a comprovação da doutrina da reencarnação, como reconhecimentos pronunciados pelo próprio Jesus, que significam Elias renascido em João Batista.
Porém, os cristãos que condenam a doutrina espírita como antibíblica, apresentam uma série de argumentos com intenções de descaracterizar aqueles textos e, conseqüente-mente, dar significados diferentes às palavras de Jesus. Eis o que dizem e o esclarecimento logo a seguir:
  • Argumento 1: Não existe na Bíblia a palavra reencarnação e Jesus não a pronunciou.
    • Reencarnação é uma palavra moderna, do século XIX, portanto não poderia figurar como tal nas páginas da Bíblia, e Jesus não a disse mesmo em momento algum. O que Jesus pronunciou foi renascimento, ser gerado de novo, João 3: 7, exatamente com o mesmo significado de reencarnação, ou seja, nascer novamente.
    • Palingenesia é a palavra grega para reencarnação em português, e ela consta de alguns textos bíblicos no antigo e novo testamento, embora sempre posta nas traduções ou versões, como recriação ou regeneração (Mateus 19: 28, Tito 3: 1-5 e referências).
    • Deve-se atentar que os cristãos não reencarnacionistas não admitem a preexistência da alma, ou seja, que a alma é criada no exato momento da concepção. Jeremias 1:5 , no entanto, diz textualmente ser conhecido antes mesmo do ato da sua fecundação, o que só pode significar pluralidade de vidas. 
  • Argumento 2: O que Jesus quis realmente dizer, foi que João Batista tinha apenas o mesmo ministério profético de Elias.
    • Engano. Jesus não disse que João Batista era apenas semelhante a Elias quanto ao ministério profético, ou de caráter igual, nem que tivesse a mesma aparência física.
    • João Batista, segundo Jesus, nascido de mulher, era o Elias aguardado. Os hebreus esperavam a volta de Elias, como ser humano renascido, ou seja, o seu espírito n'um novo corpo material.
  • Argumento 3: Que Elias não morreu e, portanto, não poderia reencarnar-se 
    • Quando se diz que Elias não morreu, os não reencarnacionistas fundamentam-se em II Reis 2: 1 e seguintes, com atenções ao versículo 11, entendendo ter sido Elias arrebatado aos céus, de corpo e alma, ou seja, uma pretensão que referido profeta não tenha experimentado a morte.
    • Tal argumento não tem respaldo bíblico, e no próprio texto, II Reis 2, em momento algum se refere sobre arrebatamento do profeta, em corpo e alma, da terra diretamente para o reino de Deus, menos ainda que não tenha morrido.
    • O que está efetivamente escrito, é que "(...) indo eles [Elias e Eliseu], andando e falando, eis que, um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro e Elias subiu aos céus num redemoinho", ou, conforme outras traduções, "Elias foi levado por um turbilhão", ou ainda, "foi elevado aos ares num vendaval". Não importam quais as palavras, cujos significados não deturpam o sentido pretendido, vez que Elias foi apanhado e carregado por fortíssimo vento e "Eliseu nunca mais o viu", conforme o versículo 12.
    • As expressões sugeridas por Eliseu diante dos acontecimentos, "meu pai, meu pai, carros e a cavalaria de Israel", partes do verso 12, realçam a força e poder do remoinho, comparado à força e poder da nação hebreia aos olhos de seus naturais. 
    • O quadro do arrebatamento sugere, portanto, mais a descrição figurativa de um fenômeno natural conhecido como ciclone, do grego 'kycloma', um turbilhão que se manifesta pela formação de grande nuvem escura, com prolongamento em forma de cone invertido, que torneando em si em altas velocidades, desce à superfície como remoinho a provocar, primeiramente, tremendo levantamento de pó, que lhe dá cor avermelhada dependendo o solo e cria figuras aleatórias imaginativas, para em seguida partir como espiral, elevando aos ares e a arrastar praticamente tudo em seu caminho, até, muito além, a perder suas forças e aos poucos a deitar tudo espalhado ao chão.
    • Elias foi tomado e levado às alturas por tal remoinho, não se sabendo para onde conduzido e nem arremessado, situação que também pode ser vista e bem esclarecida em Eclesiástico (48: 2-12), tratando-se de um livro bíblico aceito apenas por uma parte da cristandade, os católicos.
    • A Bíblia diz que Eliseu não mais viu Elias, demonstrando certo período de procuras, ainda que curto, entre os acontecimentos e a volta de Eliseu, com o manto de Elias [símbolo do poder], para junto dos profetas, que não mais estavam próximos do rio Jordão (versículo 7), quando Eliseu e Elias transpuseram-no, e sim em Jericó (verso 15), cidade situada mais distante, a oeste e não às margens do rio. 
    • Os profetas, o mesmo que videntes (I Samuel 9: 9) viram o espírito de Elias sobre Eliseu (II Reis 2:15), entendendo assim que Elias já não mais estava fisicamente entre os viventes, e então se apressaram em reconhecer Eliseu como novo líder.
    • Os mesmos profetas, ouvindo a narrativa do que acontecera a Elias, se prontificaram em procurar pelo corpo do profeta desaparecido, segundo registro bíblico: "(...) pode ser que o elevando a força do Senhor [o vendaval, turbilhão ou tornado], o tenha lançado nalgum dos montes, ou nalgum dos vales" (II Reis 2: 16).
    • A despeito dos esforços de todos, o corpo de Elias não foi encontrado, o que não significa que ele tenha sido arrebatado em carne e espírito para o reino de Deus, ou que não tenha morrido. 
    • Outras citações bíblicas provam ser impossível Elias não haver morrido, a exemplo de Romanos 5: 12, onde consta que a morte passou a todos os homens, sem exceções, como meta obrigatória a todos, não somente pelo estabelecimento físico, como também a necessidade espiritual de tal processo.
    • Gênesis 3: 19, afirma que o homem carnal é pó e ao pó voltará, enquanto que o livro I Corintios 15: 50 esclarece que a carne e sangue não podem, jamais, herdar o reino de Deus. 
    • Não bastassem tais argumentos, cabe lembrar que Jesus afirmou, categoricamente, que ninguém subiu ao céu [reino de Deus] (João 3: 13).
  • Argumento 4: Elias não poderia ser João Batista, pois, se assim o fosse, seria João (e não Elias) quem se apresentaria ao lado de Moisés, junto a Jesus, no episódio da transfiguração.
    • O texto que embasa tal argumentação encontra-se em Mateus 17 e referencias.
    • Os não reencarnacionistas acreditam que um espírito desencarnado, tem obrigação de se fazer manifestar em sua ultima fase terrena, e assim, deveria ser João Batista a se apresentar com Moisés ao lado de Jesus e não Elias. João fora morto então recente. 
    • Somos de opinião que um espírito escolhe a melhor forma que lhe aprouver, para manifestação, e não obrigatoriamente sua ultima forma terrena.
    • Alguns estudiosos apontam que sendo Elias o nome máximo do antigo Profetismo hebreu, assim como Moisés o é da Lei, justo então serem eles a se fazer presentes no episódio da transfiguração, como símbolos para os objetivos pretendidos.
    • Outros analistas, indo mais a fundo, apontam em João 3: 25-26 certas animosidades entre os seguidores de Jesus e os discípulos de João, e não seria inteligente, nem benéfico um espírito evoluído apresentar-se como alguém que poderia gerar algum conflito.
    • Na realidade os que condenam o espiritismo, tendo como argumento presente justificativa, óbvio que desconhecem a doutrina espírita. Para o episódio da transfiguração, João era morto recente e o espírito optou pela melhor forma de sua apresentação, ou seja, na figura de Elias.

18. Textos bíblicos que 'parecem' contraditar a reencarnação e pode, até mesmo, confundir 
Jó 7: 1-10, com destaques para os versos 9 e 10, é bastante utilizado pelos não reencarnacionistas que o homem, ao morrer, jamais volta à vida terrena. Está escrito naqueles versículos: "Tal como a nuvem que se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir. Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá".
O texto se refere, sem dúvidas, ao corpo da natureza, o humano, o qual descendo à sepultura, jamais dela retornará, considerando que o ser humano possui um corpo da materialidade e outro espiritual, que naquele se abriga. Morto o homem ressuscita-lhe o corpo espiritual, conforme posto em I Corintios 15: 44 "Semeia-se o corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual".
O homem morre uma única vez (Hebreus 9: 27), e isto está de acordo com o referido texto de Jó, mas não anulam algum novo renascimento ou nova reencarnação.
Eclesiastes 12: 7 informa que o corpo material volta a terra, que antes era, e o espírito volta a Deus.
E assim, a Bíblia informa (Eclesiastes 3: 15), "o que é já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou", ordenança declaratória da continuidade das ações humanas, progressivas à perfeição, ante da grandeza de Deus do tudo saber, antecipadamente, e das leis postas.
Deus pede conta do que passou numa encarnação com o indivíduo [ser espiritual], lhe dá oportunidades outras para correções, sempre que vê a impiedade no lugar do juízo, impiedade no lugar da justiça, conforme o verso 16 do mesmo Eclesiastes 3.
A continuidade daquele capítulo 3 estabelece que "Deus julgará o justo e o iníquo, porque está determinado o tempo para cada tarefa e sobre cada ação, no além".
Tal ação divina (Eclesiastes 3:17-22) somente pode ser compreendida como o final de cada existência terrena, para provar os espíritos e mostrar-lhes que, inicialmente, foram brutos como bruta a matéria primeira a abrigá-los, hoje evoluída [homo sapiens-sapiens], todavia, ainda a manter, na condição de homem [físico], uma vida terrena similar a do animal, necessitando das mesmas condições básicas que aqueles, presos ao fôlego de vida e à alimentação além de ser vivente apenas por um tempo estabelecido, ou seja, situação que é a mesma para todos, pois, como morre o animal irracional, assim morre o homem físico racional, posto que "tudo [humano e animal] vai acabar num mesmo paradeiro, pois que tudo procede da terra e para a terra retorna" (verso 20).
"Quem sabe se o espírito do homem subirá e o do animal descerá, para baixo da terra?" (Eclesiastes 3:21).
Há uma indagação em Jó 14: 14 - "Morrendo o homem, porventura poderá viver novamente?"
A resposta encontra-se no mesmo verso: "(...) esperarei todos os dias do meu serviço compulsório, para vir a minha substituição", deixando claro que Deus não limita o renascimento humano, ratificado em II Macabeus 7: 23 - "Portanto, o Criador do Universo, que formou o homem no seu nascimento e deu origem a todos os seres, devolver-vos-á misericordialmente o espírito e a vida, assim como agora sacrificais a vós mesmos pelas suas leis".

19. Erros e acertos advindos de outras existências
"(...) porque eu [Senhor Deus] sabia que obrarias muito perfidamente, e que eras prevaricador desde o ventre" (Isaias 48: 8).
Referida citação discorre sobre a nação hebréia, com antigas e novas predições à casa de Jacó, onde se faz uma alusão ao velho patriarca, chamado de transgressor desde o ventre materno, porque o Senhor o sabia assim.
Como poderia uma pessoa ser má antes do nascer, senão dada uma existência anterior? Ou seria Deus injusto a tal ponto de (...).
Evidente que os não espíritas firmam embasamento que esta é uma passagem mera-mente ilustrativa, portanto sem validade alguma para se firmar doutrina ou mesmo apoio a alguma tese reencarnacionista.
Gênesis 25: 22-23 - "(...) e foi consultar o Senhor, e o Senhor lhe respondeu dois povos estão no seu seio, e dois povos se separarão de suas entranhas; um será mais forte que o outro e o mais velho servirá ao mais novo".
Se não evocarmos a preexistência do espírito [alma], onde a justeza divina a determinar a um a servidão e a outro a grandiosidade superior?
Não considerar, portanto, a necessidade reencarnatória, seria algo bastante desastroso em termos de justiça divina, por parte do Todo Poderoso.

20. Dos juízos reencarnatórios
João 9: 1-3 "Quando Jesus ia passando, viu um homem que era cego de nascença, e os discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, para este homem nascer cego, foi ele ou seus pais? Jesus respondeu: Nem ele nem seus pais, mas isso aconteceu para que as obras de Deus se manifestem nele".
A pergunta reflete que a deformidade física era vista, pelos discípulos, como conseqüência e culpa, quer do indivíduo quer de algum dos antepassados, de vidas passadas.
Como poderia um cego de nascença ter pecado e assim nascer, sem a crença em existências anteriores?
De que maneira identificar o erro presente dos pais, se a maldição contida no decálogo (Êxodo 20: 5) somente recairia na terceira e quarta geração? "(...) sou um Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos, na terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem".
Os reencarnacionistas dizem que os discípulos acreditavam em existências anteriores, diante do princípio: "(...) e então dará a cada um segundo suas obras" (Mateus 16: 27), pelo que ninguém paga pelo erro do outro, destinando-se a cada um responsabilidade dos atos praticados.
A anti-reencarnação, todavia, aponta que os discípulos tinham dúvidas e, portanto, sem opinião firmada quanto às causas das deformidades físicas. Também, a resposta de Jesus parece corroborar com a argumentação, diante do exposto: "Nem ele nem seus pais pecaram, mas é assim para se manifestarem nele as obras de Deus".
Outra argumentação contra a reencarnação, estaria na própria Gênesis 20: 5 mencionada, posto que o texto conforme traduções bíblicas oficiais, seria: "(...) visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração (...)".
Realmente pairam dúvidas se a tradução correta seria "na terceira e quarta geração" ou "até a terceira e quarta geração", e isto é de fundamental importância para a tese da reencarnação, posto que se fiel o texto 'até a', Deus puniria de imediato filhos, netos, bisnetos e tataranetos daqueles que viessem pecar contra seu nome, ainda que isto pudesse implicar numa tremenda injustiça do Criador.
Por conseguinte, se a realidade tradutória for 'na', isto vem a favor do reencarnacionismo, posto que o erro cometido por um indivíduo, seria dele mesmo cobrado numa outra encarnação, na terceira ou quarta geração futura, tempo suficiente para desencarne e reencarne.
Para evitar polemica desnecessária quanto a tradução correta, deixamos a própria Bíblia dirimir as dúvidas: "Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada qual morrerá pelos seus pecados" (Deuteronômio 24: 16) reafirmado, entre outras referências, em II Reis 14: 6 - "Porém o filho dos matadores não matou, como está escrito no Livro de Moisés, no qual o Senhor deu ordem dizendo: Não matarão os pais por causa dos filhos, e os filhos não matarão por causa dos pais; mas cada um será morto pelo seu pecado".
Algumas dentre as muitas citações bíblicas corroboram quanto à individualidade do erro e sua punição: "Se eu pecar, tu me observas, e da minha iniquidade não me escusarás" (Jó 10: 14). Naum 1: 3 aprofunda: "(...) e ao culpado, Deus não tem por inocente". Em Ezequiel 18: 4 consta: "Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá".
Postas tais citações quanto ao princípio da responsabilidade individual, notório está que Êxodo 20:5 somente estaria correto se traduzido: "(...) sou um Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos, na terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem".
Ao texto em João 9: 1-3, quanto à resposta de Jesus: "(...): Nem ele nem seus pais [pecaram], mas isso aconteceu para que as obras de Deus se manifestem nele".
Não é difícil compreender, que a resposta de Jesus foi muito mais diante do entendimento dos seus seguidores quanto à reencarnação e a lei da causa e efeito, que das pretendidas duvidas da ignorância e atraso espiritual deles, sem a necessidade do milagre do rabino no sentido de despertar as criaturas para as verdades de Deus.
Jesus promoveu o milagre, eliminação do efeito [cegueira], simplesmente porque naquele momento podia fazê-lo, no instante que se encerrava a causa desencadeante da enfermidade, e assim naquele homem se manifestasse a obra de Deus.
Outra situação bíblica que diz dos juízos de Deus, encontra-se em Isaias 26:14 – “Os mortos não reviverão, os trespassados não ressurgirão, porque os destruístes, e deles apagastes toda lembrança”.
Invariavelmente os antirreencarnacionistas usam referida passagem contra aqueles que defendem o renascimento do espírito, num outro físico, sem muito se importar que com isso também venham excluir a doutrina da ressurreição da carne.
Evidente que o autor do capítulo 26 de Isaias se valeu de uma linguagem simbólica, para depreciar gentes dominadoras dos hebreus, condenando-os não usufruir os beneplácitos divinos numa outra vida, porque ela lhes será negada.
Para os hebreus, a promessa é bastante diferente: "Reviverão os vossos mortos, ressurgirão os cadáveres, despertarão e cantarão os que jazem no pó, porque orvalho restaura-dor é o vosso orvalho, e o fareis cair sobre a terra dos trespassados" (Isaias 26: 19).
Identificados os dois versos, lado a lado, dentro do texto e contexto, claro tratar-se de uma parábola comparativa com finalidade pedagógica de alerta aos não dispostos, vez que ao primeiro está determinado a necessidade da reencarnação, ainda, enquanto ao segundo, já cumpridas as exigências de ultima roupagem terrena, a glória para a ressurreição final.

21. Uso de entidade [espírito] para enganar e matar 
"(...) Deveras vejo a Jeová sentado no seu trono e todo exército do dos céus em pé junto a ele, à sua direita e à sua esquerda. E Jeová passou a dizer: Quem logrará [seduzirá /induzirá] a Acabe, para que suba e caia [pereça] em Ramote-Gileade [Ramot de Galaad]? E este começou a dizer uma coisa ao passo que aquele dizia outra coisa. Por fim saiu um espírito e ficou de pé perante Jeová e disse eu mesmo o lograrei. Então lhe disse Jeová: Por meio de que? A isto ele disse: Sairei e certamente me tornarei um espírito enganoso na boca de todos os seus profetas. De modo que ele disse: Tu o lograrás, e ainda mais, sairás vencedor. Saia e faça assim. E agora eis que Jeová pos um espírito enganoso na boca de todos estes profetas teus, mas o próprio Jeová falou da calamidade a respeito (...)" (I Reis 22: 19-23).
O texto diz de um espírito autorizado, não apenas para enganar Acab e leva-lo à morte, mas valer-se da mentira e do engodo através de homens consagrados e íntegros, ou seja, incorporar neles para ditar falsa mensagem a um homem, por acaso um rei instituído que acreditava naqueles profetas e os tinha por ungidos.
O assunto traz certo constrangimento aos cristãos, por se tratar de ato permissivo de Deus, por isso a explicação tratar-se de um drama de cena celeste, vista pelo autor bíblico como positivo-divino através de recurso literário, sem esclarecimentos que o alvo, em atenção ao que foi dito, se dirigiu ao local onde lhe esperava a traição..

22. Na Bíblia, um trabalho na encruzilhada ou na 'encruza'
No Livro de Ezequiel 21: 23 e seguintes, versão Pontifício Instituto Bíblico de Roma, ou 21: 18 e sequências (Novo Mundo das Escrituras e Almeida), dá-nos uma ideia dos cultos de passagens e consultas, pelo profeta, através dos terafins:
"E continuou a vir e haver para mim a palavra de Jeová dizendo: e quanto a ti, ó filho do homem, estabelece para ti dois caminhos para a entrada da espada do rei de Babilônia. Ambos devem, proceder do mesmo país e deve-se recortar uma mão [indicadora]; deve ser recortada a cabeceira do caminho para a cidade. Deves estabelecer um caminho para a espada entrar contra Rabá dos filhos de Amon e [o outro] contra Judá, contra a fortificada Jerusalém. Porque o rei da Babilônia parou na encruzilhada, na cabeceira dos dois caminhos para recorrer à adivinhação. Sacudiu as flechas. Indagou por meio dos terafins, examinou o fígado. Na sua direita mostrou-se haver a adivinhação referente a Jerusalém (...)". 
Os cristãos entendem esta passagem bíblica como algum feito simbólico, sem levar em consideração os terafins – imagens de deuses ou espíritos tutelares, utilizados em trabalhos de consultas, de endereçamentos espirituais a quem se deseja atingir.
Igualmente desconsideram o fato de se "examinar o fígado", ordinariamente de aves, uma maneira para se realizar trabalhos espirituais tanto para pressagiar acontecimentos quanto para descobrir situações, atingir alvos, adoentar [física e mentalmente] algum indivíduo e garantias de resultados das pretensões, entre outros intentos.
23. Das conclusões
Não vamos concluir presente trabalho com citações nominais dos vultos da humanidade, que professavam ou professam a favor ou contra a reencarnação. Também não citaremos as grandes civilizações e a reencarnação, ou a reencarnação ao longo da história, nem que o cristianismo inicial professava efetivamente ou não aquela doutrina, até que no Concílio...etc.
Nosso objetivo foi tão somente destacar se a reencarnação e a pluralidade de vidas, constam ou não de textos bíblicos e de que maneira, assim como certas manifestações de espíritos do bem e do mal, além das crenças e aceitações daqueles que se intitulavam eleitos de Deus.
Conforme claro ao longo deste estudo, os hebreus não tinham uma ideia bem definida do que efetivamente viria lhes acontecer pós-morte. Ao menos é isso que nos tentam passar os autores dos livros, através dos tradutores e copistas, deixando certas lacunas aparentemente propositais, que suscitam dúvidas, lançam pressupostos, mas excluem fundamentos para doutrinas a favor ou contra a reencarnação.
Da mesma forma o cristianismo, pela Bíblia, não apresenta nenhuma doutrina sobre a reencarnação, de forma transparente que não venha deixar dúvidas quanto às exigências e acontecimentos de fato.
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, todavia, falam sim de reencarnações, manifestações de espíritos, consultas aos mortos, com clareza suficiente que torna impossível não entender que tais fenômenos eram objetos de aceitações, ou que aconteciam ou que eram crenças estabelecidas.
Óbvio que para isto há de se seguir a lógica do existir espíritos e um Deus que lhes deu forma, vida e destino, sem entrarmos em questionamentos do porque disso tudo ou dessa estranha realização do Criador que, entre tantas obras mal acabadas, fez criaturas viventes imperfeitas para a perfeição, através de um longo processo depurativo evolucionista.
A reencarnação, portanto, é bíblica embora não doutrinária.

24. Créditos e esclarecimentos
  • O presente trabalho, 'Da Teologia da Reencarnação (I e II)', acha-se inteiramente fundamentado nas Sagradas Escrituras Judaicas e Cristãs, de domínio público, contando com transliterações e traduções do especialista "Dr. Severino Celestino da Silva, em 'Analisando as Traduções Bíblicas - Editora Idea, recorrente ao estudioso judeu Avaraham Avdam'. 
  • As acentuações das palavras transliteradas do hebraico estão incorretas, por inabilidade do autor em colocá-las pelo computador, e tão somente servem para demonstrar as sutis diferenças onde os sinais são invertidos.
  • Os se'irim, embora mencionados na Bíblia como espíritos existentes [reais] e danosos ao homem, são tidos como personagens do antigo folclore judaico.
  • Para os autores, Yavé [Javé ou Jeová] é um sló, [espírito] protetor tribal, que suplantou os demais 's'loim', [eloim ou elohim] - deuses, da cultura hebraica assimilada dos povos mesopotâmicos. Javé faz sua estréia bíblica a partir de Gênesis 2: 4 com uma criação universal notoriamente palestínica, contrapondo-se ao Elohim citado de Gênesis 1: 1 a 2: 3. A partir do capítulo 3 de Gênesis, há uma alternância entre Elohim e Javé, até a prevalência total deste ultimo, às vezes adotando outros nomes conforme atributos que lhe são acrescidos. Tanto um quanto outro são, na verdade, espíritos ou entidades humanamente elevados à categoria de deuses.
  • Os autores não compreendem por qual razão a reencarnação dentro da máxima o 'evoluir é preciso', afinal, onde chegaria tal condicionante? Porventura a criatura chegaria ao mesmo patamar do criador?
-o-

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